Sylvaner renasce na Alsácia com vinhos de qualidade e reconhecimento crescente

O sylvaner, frequentemente subestimado, está ganhando destaque na Alsácia, com vinhos que combinam complexidade e frescor. O domaine Dirler-Cadé, por exemplo, apresenta sua cuvée Vieilles vignes, que é descrita como corsée e poderosa, com notas de poire e frutas secas. Este vinho, proveniente de uma parcela do Kessler, reflete a qualidade do terroir, desafiando a percepção de que o sylvaner é um vinho inferior. Jean Dirler, do domínio, destaca a importância de manter as vinhas plantadas por seu avô, mesmo após a classificação do Kessler como Grand cru em 1983.

A crescente aceitação do sylvaner se deve a suas características únicas, como a resistência a geladas e secas, além de sua capacidade de produzir vinhos com corpo e complexidade. André Kleinknecht, de Mittelbergheim, defende que rendimentos excessivos não beneficiam a qualidade do vinho, enfatizando a importância de manter a produção em níveis controlados, especialmente no Zotzenberg, a única denominação Grand cru onde o sylvaner é reconhecido.

Após treze anos de esforços, o sylvaner foi finalmente aceito no Zotzenberg, reconhecido como Grand cru em 1992. Thomas Boeckel, um dos defensores do cépage, menciona que, apesar de sua longa história, o sylvaner enfrentou dificuldades devido à sua imagem de "vinho menor". Hoje, a situação mudou, e os vinhos de sylvaner são bem recebidos nas degustações, com os produtores celebrando essa nova fase.

As degustações recentes revelaram vinhos excepcionais, como o Albert Boxler 2019, avaliado em 94/100, e o Domaine Boeckel Grand cru Zotzenberg 2021, com 93/100. Esses vinhos demonstram a evolução do sylvaner, que, com o envelhecimento, mantém sua frescura e complexidade, apresentando notas mentoladas e minerais. A valorização do sylvaner reflete uma mudança significativa no panorama vitivinícola da região, destacando seu potencial e versatilidade.