Aumento de 200% nas tarifas pode tornar vinhos da Borgonha inacessíveis nos Estados Unidos

Os vinicultores da Borgonha estão alarmados com a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 200% sobre vinhos e destilados da União Europeia. Damien Leclerc, diretor da cooperativa La Chablisienne, destacou que essa medida poderia elevar o preço das garrafas a 200 dólares, resultando em um colapso nas vendas. Ele enfatizou que a situação é crítica, com uma possível interrupção da comercialização dos produtos franceses no mercado americano.

A insatisfação entre os produtores é palpável, com Thiébault Huber, presidente da Confederação das Appellations e dos Vignerons de Bourgogne, afirmando que a consequência seria "cataclísmica". Laurent Delaunay, presidente do Bureau Interprofissional dos Vinhos de Borgonha, expressou um sentimento de injustiça, afirmando que os vinicultores se sentem como "reféns" de um conflito comercial que não controlam. Ele lamentou a falta de atenção dos parlamentares europeus às advertências do setor sobre as consequências das tarifas.

Historicamente, a Borgonha já enfrentou dificuldades semelhantes, como a sobretaxa de 25% imposta entre 2019 e 2021, que resultou em uma queda de 25% nas exportações. Em 2024, os Estados Unidos representaram 23,5% do faturamento e 21,8% dos volumes de vinhos da região, superando a média nacional. O crescimento recente das vendas para os EUA, com um aumento de 16% em volume e 26% em valor, torna a situação ainda mais preocupante para os produtores.

Os vinicultores alertam que, se as tarifas forem implementadas, a competitividade dos vinhos borgonheses será severamente afetada. Damien Leclerc mencionou que uma tarifa de 25% já seria um "limite psicológico", elevando o preço das garrafas acima de 30 dólares. Huber também indicou que, caso os EUA não reconsiderem, os produtores buscarão novos mercados, como a China, mas alertou que "quando os EUA se despertarem, não teremos mais vinhos para vender".