Bordeaux se reinventa com novas abordagens e vinhos acessíveis em meio à crise

Os grandes vinhos de Bordeaux, incluindo os Grands Crus Classés, enfrentam uma crise significativa, com apenas 15% das propriedades conseguindo vender toda a sua produção em 2023. A demanda está aquém da oferta, refletindo problemas como a volatilidade dos preços e a desconexão com os consumidores. Apesar disso, muitos desses vinhos estão se modernizando, adotando práticas sustentáveis como a agricultura biológica e a biodinâmica. Exemplos incluem os Châteaux Pontet-Canet e Latour, que buscam alinhar seus produtos aos gostos contemporâneos.

Por outro lado, uma nova geração de vinhos, produzidos por domínios iconoclastas, está ganhando destaque. Esses produtores, como Domaine Uchida e Château Lamery, desafiam as normas tradicionais de Bordeaux, criando vinhos mais acessíveis e diversificados, frequentemente classificados como Vin de France. Embora esses micro-domínios não tenham sentido a crise da mesma forma que os grandes, eles também começam a sentir os efeitos negativos, especialmente nas exportações.

Entre os domínios mais tradicionais, há uma crescente busca por inovação, com iniciativas de grupos como Bordeaux Pirate, que promovem a reavaliação das práticas vitícolas e comerciais. Essas mudanças incluem a introdução de cepas antigas e a experiência com novos métodos de vinificação, visando atender melhor às expectativas dos consumidores e reduzir a pegada de carbono. Essa transformação é vista como uma oportunidade para revitalizar a oferta de vinhos na faixa de preço entre R$ 10 e R$ 20.

Uma seleção de vinhos que representa esse renascimento em Bordeaux inclui opções como o Château Magence e o Domaine de Guillaumet, com preços variando de R$ 9,90 a R$ 25. Essas cuvées não apenas refletem a diversidade e a inovação da região, mas também buscam democratizar o acesso a vinhos de qualidade, atraindo um público mais jovem e interessado em experiências autênticas.