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Homens que espancaram suspeitos de furto na Zona Norte do Rio são alvo de investigação

Em Oswaldo Cruz, homens foram linchados após acusação de furto de cabos. A Polícia Militar interveio, mas liberou os suspeitos por falta de provas. O caso remete ao linchamento de Cleidenilson Pereira da Silva em 2015. Especialistas apontam que o justiçamento reflete desconfiança no sistema judicial. A prática é vista como uma afronta à democracia e herança da escravidão.

Acusados de furtar fio de rua são amarrados com mãos para trás e puxados a pé por homens de moto em Oswaldo Cruz (Foto: Reprodução / redes sociais)

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Um homem foi vítima de uma tentativa de linchamento em Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio de Janeiro, após ser acusado de furtar cabos. Ele e um colega foram amarrados e puxados por um comboio de seis motos, enquanto eram filmados por testemunhas que riam da situação. A Polícia Militar foi acionada e encontrou os homens feridos, sentados no chão. A dupla foi detida por populares na última quinta-feira, com três metros de cabos, mas liberada por falta de provas.

O delegado Flávio Loureiro informou que os suspeitos têm 28 e 35 anos e supõe que sejam usuários de drogas. Eles foram levados a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde as lesões foram consideradas não graves. A polícia investiga a origem dos cabos e tenta identificar os motociclistas envolvidos, que devem ser intimados a depor. Loureiro destacou que não havia testemunhas do furto, o que impossibilitou a prisão em flagrante.

Especialistas apontam que a prática de justiçamento é uma herança do período escravagista no Brasil. Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, afirmou que essa ação representa uma afronta à democracia e reflete a desconfiança da população nas instituições. Ana Vieira, da USP, acrescentou que a falta de confiança na polícia e no Judiciário leva as pessoas a tomarem a justiça em suas próprias mãos.

Juliana Vinuto, especialista em segurança pública, alertou que a responsabilidade de punir não deve ser dos civis, e que a ação dos motociclistas também configura um crime. Ela lamentou a humilhação imposta à vítima e a persistência de influências da escravidão na sociedade brasileira. O caso remete a um linchamento anterior, em 2015, quando Cleidenilson Pereira da Silva foi espancado até a morte após uma tentativa de roubo, gerando comparações com obras de arte que retratam a brutalidade da época da escravidão.

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