- Corais de cento e sessenta anos indicam que o Pacífico Noroeste está ficando mais ácido mais rápido do que modelos previam.
- Amostras históricas, coletadas a partir de 1888 pelo R/V Albatross, foram comparadas a corais modernos coletados em 2020 pelo R/V Rachel Carson em locais próximos.
- A análise mostrou aumento de acidez equivalente a cerca de 24% na água do oceano, desde a era pré-industrial até hoje.
- O estudo foca no Salish Sea e no California Current System, duas áreas de grande biodiversidade e importância econômica para pesca e aquicultura.
- Pesquisadores alertam que a acidificação já afeta organismos como ostras, mariscos e corais, com impactos potenciais na produção pesqueira e na economia costeira.
A equipe de pesquisa comparou amostras históricas de corais coletadas em 1888 pela expedição do R/V Albatross com amostras modernas recolhidas em 2020 a partir do R/V Rachel Carson. O objetivo foi entender como a acidificação oceânica evoluiu no Pacífico Noroeste, especialmente no Salish Sea e no California Current System. Os resultados foram publicados na Nature Communications.
As amostras antigas ficam no Smithsonian e representam o estado do oceano antes do aceleramento das emissões de gases de efeito estufa. As amostras novas foram coletadas nas mesmas localidades para comparação direta ao longo de um século. A comparação revelou um aumento de acidez maior do que modelos previam.
O estudo aponta que a região está amadurecendo rapidamente para além do ritmo da CO2 atmosférica, com consequências para organismos como moluscos, corais e algumas espécies de plankton. A equipe associou mudanças químicas a padrões de correntes, temperatura e eventos de upwelling.
O que mudou na química do oceano
O CO2 dissolvido na água reduz íons de carbonato, dificultando a formação de estruturas de carbonato de cálcio. O desequilíbrio aumenta a fragilidade de conchas de moluscos e esqueletos de corais, prejudicando ecossistemas e atividades pesqueiras.
Os cientistas criaram modelos da California Current System e do Salish Sea, estimando que, se as emissões permanecerem altas, a água pode ficar até 20% mais ácida nas camadas superficiais até 75 metros de profundidade neste século. Em 100-150 metros, o aumento pode chegar a 60%.
Impactos sobre a vida marinha e a economia
O estudo reforça riscos para ostras, moluscos e caracóis, além de peixes que dependem de sensoriamento adequado no ambiente marinho. Em fazendas de ostra, como a Whiskey Creek no Oregon, observa-se necessidade de monitoramento constante de pH para manter a sobrevivência das larvas.
Profissionais da pesca na região já percebem mudanças. Criadores de caranguejo Dungeness relatam que as safras de 2022-2023 bateram recordes, mas o aumento da acidificação pressiona a produção, exigindo adaptação de manejo e processos de buffering, segundo entrevistas com pescadores.
Olhar para o futuro e ações
As projeções indicam que a acidificação na região pode ocorrer mesmo com reduções rápidas de emissões, impondo desafios para gestão ambiental, cultural e econômica. Pesquisadores defendem incorporar esses dados a políticas públicas e planos de manejo de pescarias.
Especialistas destacam que reduzir CO2 continua sendo a medida mais eficaz para desacelerar a acidificação global. A pesquisa também reforça o papel do Salish Sea como sistema de alerta precoce para mudanças oceânicas, ajudando a planejar respostas futuras.
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