Maior iceberg do mundo encalha e evita riscos à fauna marinha na Antártica

O maior iceberg do mundo, conhecido como A23a, está encalhado a cerca de 70 quilômetros da ilha da Geórgia do Sul, na Antártida. Com uma área de 3.360 quilômetros quadrados e pesando quase um bilhão de toneladas, o iceberg flutuava pelo Oceano Antártico desde 2020. Sua nova posição pode ser benéfica para a fauna local, evitando impactos negativos na cadeia alimentar de focas e pinguins que se reproduzem na região. O oceanógrafo Andrew Meijers, do British Antarctic Survey, afirmou que, se o iceberg permanecer onde está, não se esperam efeitos significativos na vida selvagem.

O A23a se desprendeu da plataforma de gelo Filchner em 1986 e ficou preso no fundo do Mar de Weddell por mais de trinta anos. Desde 2020, começou sua jornada em direção ao norte, mas sua movimentação foi interrompida em março de 2024. A presença do iceberg pode enriquecer o ecossistema marinho, pois o derretimento gradual libera nutrientes que beneficiam a cadeia alimentar, desde o plâncton até predadores maiores. A região abriga cerca de 5 milhões de focas e 65 milhões de aves marinhas, incluindo pinguins-reis.

Embora a situação atual do A23a evite uma colisão com a ilha, a presença do iceberg representa um risco para as operações de pesca na área, que podem se tornar mais difíceis à medida que ele se fragmenta. O fenômeno do derretimento de icebergs é uma preocupação crescente, especialmente com a perda de 6 trilhões de toneladas de massa das plataformas de gelo da Antártida desde 2000, associada ao aquecimento global. Pesquisadores alertam que um aumento de temperatura global entre 1,5°C e 2,0°C pode resultar em elevações significativas do nível do mar.

O A23a, que originalmente tinha 3.900 quilômetros quadrados, já perdeu parte de sua massa ao se deslocar para águas mais quentes. O ciclo de vida dos icebergs é natural, mas as mudanças climáticas podem acelerar esse processo, levando a um aumento na frequência de desprendimentos e derretimentos. Isso pode impactar os padrões de vida selvagem e a pesca na região, tornando a situação ainda mais crítica para a fauna local.