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A trajetória de Atxu: do isolamento à luta pela preservação de seu povo

Atxu Marimã, do povo Hi Merimã, deixou o isolamento após tragédia familiar nos anos 1980. Em 2023, ele compartilhou memórias e iniciou um documentário sobre sua vida. Atxu luta pela proteção da Terra Indígena Hi Merimã, ameaçada por invasores. Sua história revela a complexidade cultural dos Hi Merimã, nômades e exímios coletores. O reencontro com Atxu destaca a importância da preservação da memória indígena.

Foto: Reprodução

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A chegada de Atxu Marimã estava marcada para as dez da manhã de 28 de fevereiro de 2023, no porto Voyager, em Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Apesar da chuva típica do inverno amazônico, o movimento no Rio Solimões era intenso. A lancha do comandante Garotão, que Atxu havia mencionado, finalmente se aproximou. Quando desembarcou, o homem com a camisa amarela de mangas laranja, conforme descrito, cumprimentou efusivamente os presentes. Aos 41 anos, Atxu é um dos raros membros do povo Hi-Merimã que deixaram o isolamento, permitindo um vislumbre de sua cultura e modo de vida.

Atxu deixou seu povo ainda criança, após uma tragédia familiar nos anos 1980, quando invasores ameaçaram seu território. Relatórios da Funai indicam que, de um grupo de dez hi-merimãs que tiveram contato com não indígenas, seis morreram. A busca por Atxu começou em 2010, com a ajuda de indigenistas como Rieli Franciscato e Bruno Pereira, que trabalharam na proteção de indígenas isolados. Após a morte de ambos, a procura foi interrompida, mas foi retomada em 2023, quando uma servidora da Funai em Tabatinga confirmou que Atxu estava na cidade.

Durante o encontro, Atxu compartilhou que sua família ainda existe, mas vive isolada na floresta. Ele explicou que, apesar da política de não contato da Funai, os indígenas isolados têm consciência da presença dos não indígenas e evitam o contato devido a experiências traumáticas. O território hi-merimã, demarcado em 2005, é monitorado para proteger os indígenas de invasões e desmatamento. Estima-se que a população hi-merimã seja de cerca de duzentas pessoas, vivendo em um território de aproximadamente 678 mil hectares.

Atxu, que viveu uma infância marcada por lembranças vívidas de sua cultura, detalhou aspectos da vida hi-merimã, como a coleta de batatas selvagens e o uso de venenos vegetais. Ele também recordou a trágica história de sua família, que levou ao contato com não indígenas. Em um relato emocionante, Atxu descreveu a morte de seu pai e a subsequente separação de sua família. Após anos de dificuldades e adoção por famílias ribeirinhas, Atxu se tornou um defensor de seu povo, participando de ações de proteção e monitoramento em sua terra natal, agora livre de invasores.

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