Corte de chifres reduz em 78% a caça ilegal de rinocerontes na África do Sul

Um estudo publicado na revista Science Advances revelou que a remoção dos chifres de rinocerontes é uma estratégia eficaz para combater a caça ilegal. A prática, adotada em oito das 11 reservas analisadas na África do Sul, resultou em uma redução de 78% nos casos de caça entre 2017 e 2023. Mais de dois mil rinocerontes tiveram seus chifres retirados, uma medida que visa desestimular os caçadores, que buscam o chifre para venda no mercado negro, especialmente na Ásia.

Os chifres, compostos de queratina, podem crescer novamente, mas a remoção imediata reduz o valor comercial do animal. O procedimento é considerado seguro e indolor, com duração de cerca de dez minutos. Durante a operação, os rinocerontes são sedados e apenas a parte externa do chifre é retirada, preservando a base responsável pelo crescimento. A técnica deve ser repetida a cada 18 a 24 meses, e não afeta a reprodução ou a expectativa de vida dos animais.

Custo e Eficácia

A remoção dos chifres se mostrou muito mais barata do que outras estratégias de proteção. Os pesquisadores estimam que essa técnica consumiu apenas 1,2% do orçamento total de segurança das reservas. Em comparação, o custo médio por animal salvo foi de cerca de R$ 7 mil, enquanto medidas como cercas e patrulhas apresentaram custos mais altos e resultados menos expressivos. Em áreas onde a remoção foi amplamente implementada, a taxa de risco de caça caiu de 13% para 0,6% ao ano.

Embora a remoção dos chifres seja uma medida eficaz, os pesquisadores alertam que não é uma solução definitiva. A caça de rinocerontes está ligada a fatores como pobreza, corrupção e crime organizado. Portanto, a técnica deve ser complementada por ações de combate à corrupção, apoio às comunidades locais e redução da demanda por chifres no mercado consumidor. O objetivo é diminuir tanto o lucro quanto as oportunidades para a prática criminosa.