14 de jun 2025

Brancos triplicam adesão a religiões de matriz africana, que mantêm resistência
Cresce adesão de brancos ao candomblé e à umbanda, refletindo nova valorização da cultura afro brasileira, mas com respeito às tradições.
Karla Bertino com a família: ela trocou uma igreja evangélica pelo candomblé: “Aprendi que religião não é medo” (Foto: Arquivo Pessoal)
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A adesão de brancos ao candomblé e à umbanda cresceu significativamente nos últimos anos. Dados do Censo Demográfico do IBGE revelam que o número de praticantes brancos dessas religiões triplicou em 12 anos, passando de 277 mil em 2010 para quase 800 mil em 2022. Essa mudança reflete uma nova percepção social sobre as tradições afro-brasileiras, embora a maioria dos adeptos ainda seja composta por pessoas pretas e pardas.
A professora Karla Bertino, de 39 anos, é um exemplo desse fenômeno. Após deixar a igreja evangélica, ela se conectou espiritualmente ao candomblé em 2015 e recebeu o nome de Iá Muluzi. Karla destaca a importância do respeito e da humildade ao praticar uma religião de matriz africana, reconhecendo seu papel como uma pessoa branca em um espaço tradicionalmente negro.
Mudança de Percepção
A professora Ana Paula Miranda, do Departamento de Antropologia da UFF, aponta que a adesão de brancos pode estar relacionada à maior valorização da cultura afro-brasileira. Muitas pessoas brancas, especialmente da classe média e universitárias, se aproximam dessas religiões em busca de um ambiente que rejeita a intolerância.
Apesar do crescimento no número de brancos, a proporção de adeptos brancos nas religiões de matriz africana diminuiu, passando de 47,1% para 42,9% no mesmo período. Isso indica que, embora haja um aumento absoluto de brancos, a diversidade racial nas práticas religiosas continua a ser respeitada.
Compromisso com a Luta Antirracista
O babalorixá Rodney William enfatiza que a adesão às religiões afro-brasileiras deve vir acompanhada de um compromisso com a luta antirracista. Ele ressalta que, independentemente da origem étnica, todos que se conectam a essas tradições devem entender o histórico de resistência e perseguição enfrentado por elas.
Rodney defende que, embora a religião seja inclusiva, é fundamental que os novos adeptos reconheçam e respeitem a ancestralidade africana que fundamenta essas práticas. A busca por um espaço espiritual deve ser acompanhada de responsabilidade e respeito pela cultura negra.
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