Política

O vocabulário político perde a proporção e gera um ambiente de intolerância

O uso de "misoginia" superou "machismo", refletindo uma mudança no discurso. Racismo institucional, conceito de Stokely Carmichael, ganha destaque atual. Debate moralizado dificulta moderação e promove intolerância política. Hiperbolização do discurso prejudica diálogos construtivos e proporção nas críticas. Necessidade de resgatar a noção de justiça e proporção nas condenações sociais.

Protesto na Av. Paulista reúne pessoas com faixas contra o ministro Alexandre Moraes e em apoio a Elon Musk (Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo)

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O vocabulário político contemporâneo enfrenta um problema de falta de proporção nas definições e condenações. Comportamentos são frequentemente rotulados como misóginos ou supremacistas, enquanto as distinções entre esquerda e direita se tornaram extremas. Essa polarização resulta em uma intolerância crescente e na incapacidade de convívio, onde ações são condenadas sem considerar a intenção ou a boa-fé.

Historicamente, o termo machismo designava comportamentos discriminatórios comuns, enquanto a misoginia se referia a uma hostilidade extrema. No entanto, dados do Google Trends mostram que, nos anos 2000, machismo era 14 vezes mais recorrente que misoginia. A partir de 2010, essa relação começou a mudar, e em 2023, a misoginia foi 50% mais frequente que machismo, evidenciando uma inversão nos termos usados para descrever comportamentos.

A discussão sobre discriminações estruturais também evoluiu. O conceito de "racismo institucional", introduzido por Stokely Carmichael em 1967, destaca os efeitos de políticas públicas discriminatórias. Em 2013, Mahzarin R. Banaji e Anthony Greenwald abordaram os vieses raciais implícitos, mostrando que comportamentos racistas podem ocorrer sem intenção consciente. Essa ampliação do debate não resultou em uma diminuição da condenação, pois a boa-fé foi ignorada nas acusações.

O ambiente político atual é caracterizado pela hiperbolização do discurso, onde a severidade das condenações é vista como virtude. Essa dinâmica prejudica a capacidade de distinguir entre faltas menores e ofensas graves, dificultando diálogos construtivos. Para restaurar a justiça nas críticas, é essencial resgatar um vocabulário político que permita uma análise mais equilibrada e proporcional das ações.

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