Política

Argentina propõe flexibilização do Mercosul sem apoio dos demais membros do bloco

A Argentina, sob Javier Milei, busca flexibilizar o Mercosul para acordos bilaterais. Proposta não teve apoio na reunião em Buenos Aires, comprometendo o consenso do bloco. A flexibilização pode erodir a união aduaneira e os princípios do Mercosul. Milei pode enfrentar dificuldades políticas para abandonar o Mercosul, se necessário. Brasil espera retomar agenda social do bloco ao assumir a presidência em breve.

O presidente Javier Milei durante participação na CPAC, conferência de política conservadora, em Maryland, nos EUA (Foto: Kayla Bartkowski - 22.fev.25/Getty Images via AFP)

O presidente Javier Milei durante participação na CPAC, conferência de política conservadora, em Maryland, nos EUA (Foto: Kayla Bartkowski - 22.fev.25/Getty Images via AFP)

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A Argentina apresentou uma nova proposta durante a reunião do Mercosul em Buenos Aires, nesta terça-feira (11), buscando flexibilizar o bloco para permitir acordos bilaterais de livre-comércio, especialmente com os Estados Unidos. Essa iniciativa, defendida pelo presidente Javier Milei, surge em um contexto adverso, com o Brasil, Paraguai e Uruguai, liderados por governos críticos à flexibilização, se opondo à ideia. A proposta não incluiu um tratado concreto com Washington, mas a Argentina insiste na abertura do Mercosul para negociações isoladas entre seus membros e países terceiros.

O governo argentino sugere que, se não houver consenso em duas reuniões do Grupo Mercado Comum (GMC) para fechar um novo acordo de livre-comércio, os países poderiam negociar bilateralmente. No entanto, essa proposta é vista como uma ameaça ao princípio de consenso que fundamenta o Mercosul, conforme estabelecido no Protocolo de Ouro Preto. Diplomatas brasileiros alertam para a erosão do projeto de união aduaneira, que visa políticas comerciais externas alinhadas entre os membros do bloco.

Atualmente, nenhum outro membro do Mercosul apoia a flexibilização proposta pela Argentina, o que pode prejudicar os menores países do bloco. O Uruguai, sob a presidência de Yamandú Orsi, que se alinha mais a Lula, pode recuar de sua busca por acordos bilaterais, reforçando a posição de negociar apenas em bloco. A real disposição dos EUA para um acordo de livre-comércio com a Argentina permanece incerta, com declarações de que o foco está em tratados justos e equitativos.

Caso a Argentina insista na proposta de flexibilização, a única alternativa seria abandonar o Mercosul, uma decisão que Milei já considerou, mas que poderia ter alto custo político, especialmente após o bloco finalizar um acordo de livre-comércio com a União Europeia. A falta de maioria no Legislativo argentino pode complicar essa decisão, e Milei tem utilizado decretos para implementar medidas controversas. A presidência rotativa do Mercosul, que a Argentina ocupa até a metade deste ano, permite maior controle sobre a agenda do bloco, mas a expectativa é que o Brasil, ao assumir, busque retomar a agenda social e minimizar o peso do tema da flexibilização.

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