Direita jovem ganha força na política global, desafiando estereótipos tradicionais

A frase atribuída a Georges Clemenceau, ex-primeiro-ministro francês, reflete uma visão comum sobre a juventude e a política: “Se meu filho de 22 anos não se tornasse comunista, eu o deserdaria. Se continuar comunista aos 30, é isso que farei”. No entanto, a realidade política contemporânea apresenta um cenário diferente, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, onde muitos jovens estão se voltando para a direita. Em países como França e Alemanha, essa tendência se intensifica, com jovens optando por partidos de direita sem as nuances do conservadorismo tradicional.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, a preferência dos jovens do sexo masculino entre 18 e 24 anos pelo partido Reforma, de Nigel Farage, em detrimento do histórico Partido Conservador, ilustra essa mudança. Farage conta com 1,2 milhão de seguidores no TikTok, enquanto os conservadores têm apenas 89.900. Um jovem militante do Reforma comentou que esses jovens são “bonitos, relacionáveis e geralmente em boa forma física”, buscando sucesso e uma cultura de excelência.

Nos Estados Unidos, a mudança no voto masculino jovem também é notável. Em 2020, 56% desse eleitorado votou em Joe Biden, mas em 2024, a maioria preferiu Donald Trump. Além de questões econômicas e de imigração, um fator cultural também influenciou essa virada. Trump, ao se apresentar como um "macho alfa", transformou sua imagem e se tornou um ícone cultural.

No Brasil, a ascensão da direita entre jovens da classe C é um fenômeno que merece atenção. Pesquisas indicam que 29% do eleitorado se identifica como de direita, enquanto apenas 15% se considera de esquerda. Essa mudança reflete uma insatisfação com a ineficiência do Estado e a desconexão da esquerda com as demandas atuais, evidenciada pelo apoio a figuras como Javier Milei. Clemenceau, que viveu diversas contradições políticas, acreditava que “o homem absurdo é aquele que não muda nunca”, uma reflexão que se aplica ao atual cenário político.