Embrapa enfrenta crise financeira com redução de quase 60% na verba federal para pesquisa

A Embrapa, criada em abril de 1973 por uma parceria entre a ditadura militar brasileira e o governo dos Estados Unidos, tem como missão promover o desenvolvimento da agricultura nacional e assegurar a segurança alimentar do Brasil. Ao longo de cinco décadas, a empresa transformou o país de um importador de alimentos em uma potência agropecuária, contribuindo com 22% do PIB e metade da balança comercial. No entanto, a grave crise financeira atual, com uma redução de quase 60% no orçamento federal para pesquisa e inovação desde 2014, ameaça essa posição de destaque.

Atualmente, a Embrapa conta com mais de 2.200 cientistas envolvidos em cerca de 1.200 projetos de pesquisa em suas 43 unidades no Brasil, focando tanto em grandes exportadores quanto na agricultura familiar. Em 2024, a estatal registrou 69 novas tecnologias para o setor rural, incluindo inovações em agricultura de baixo carbono e modelos de cultivo sustentáveis. Apesar da importância da empresa, o presidente Lula reconheceu que a Embrapa não escapou dos cortes orçamentários, enfrentando um déficit de R$ 26 milhões no início de 2025.

A crise financeira da Embrapa gera preocupações sobre o futuro da agricultura brasileira, especialmente com a iminente COP30, onde o Brasil busca se posicionar como líder em políticas ambientais. Especialistas alertam que a falta de investimentos pode comprometer a competitividade do país em um cenário global, onde nações como China e EUA investem fortemente em tecnologia agrícola. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, enfatiza que a falta de recursos pode resultar em uma perda significativa do protagonismo brasileiro no setor agropecuário nos próximos anos.

Após reuniões com o presidente e ministros, a Embrapa recebeu R$ 324 milhões para pesquisa em 2025, quase o dobro do ano anterior, mas ainda abaixo dos R$ 500 milhões solicitados. Além disso, a empresa busca alternativas de financiamento privado e tramita no Congresso um projeto de lei para isentar a Embrapa de impostos sobre propriedade intelectual. O senador Plínio Valério destacou a importância da Embrapa, afirmando que ela é uma "joia" que o governo deve valorizar adequadamente.