Cortes modestos em ciência marcam acordo de gastos nos EUA, mas crise se aproxima

O governo dos Estados Unidos evitou uma paralisação na semana passada após a aprovação de um acordo de gastos, assinado pelo presidente Donald Trump, que pode resultar em cortes modestos no financiamento científico para este ano. No entanto, uma crise maior se aproxima, com a administração Trump e os republicanos no Congresso buscando cortes significativos no orçamento federal para 2025 e anos seguintes. A American Association for the Advancement of Science (AAAS) estima que o financiamento total para pesquisa e desenvolvimento neste ano fiscal, que termina em 30 de setembro, deve ser de aproximadamente US$ 193 bilhões, representando uma redução de 3,5% em relação ao ano anterior.

O acordo de gastos inclui uma redução de 67% no financiamento do National Institutes of Health (NIH), o maior financiador de pesquisa biomédica do mundo. O financiamento total sob a 21st Century Cures Act, que abrange iniciativas como o programa Cancer Moonshot e o BRAIN initiative, cairá em US$ 280 bilhões, totalizando US$ 127 milhões. O projeto de lei, elaborado exclusivamente por republicanos, não contém detalhes específicos sobre a alocação de recursos, permitindo à administração Trump maior liberdade na direção dos fundos, o que gerou descontentamento entre os democratas.

Um grupo de senadores democratas, incluindo o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, contrariou a maioria do partido ao apoiar o projeto para manter o governo funcionando. A incerteza persiste sobre como a administração Trump irá utilizar os recursos estabelecidos no acordo, uma vez que, nos últimos meses, a equipe do presidente tem ignorado leis de gastos anteriores, congelando e encerrando subsídios federais, incluindo os do NIH. Jennifer Zeitzer, da Federation of American Societies for Experimental Biology, afirma que "estamos em uma era diferente onde nada é normal".

Especialistas em políticas públicas alertam que a equipe de Trump pode tentar cortar orçamentos de 2025 por meio de um pacote legislativo separado de "rescissões", uma maneira legal de implementar os cortes desejados. Essa abordagem poderia facilitar a aprovação das reduções de financiamento que a administração busca, segundo observadores da política. A situação é preocupante para cientistas, como os da Universidade de Columbia, que já enfrentam dificuldades devido aos cortes impostos pela administração.