Haitianos enfrentam dificuldades para retornar ao Brasil após revogação de vistos nos EUA

Haitianos buscam refúgio no Brasil após revogação de visto nos EUA

Imigrantes haitianos, que utilizaram o Brasil como rota para os Estados Unidos, enfrentam dificuldades para retornar ao país devido à burocracia e à falta de documentação exigida pelo governo brasileiro. A situação se agravou após o governo Trump revogar, em fevereiro, um visto humanitário criado em 2010 para auxiliar o Haiti, país abalado por crises.

A autorização, que permitiu a entrada de 57 mil haitianos nos EUA em 2011, chegou a 520 mil em 2024. Muitos deles utilizaram o território brasileiro como parte da jornada, buscando agora uma nova oportunidade no país. As famílias, no entanto, preferiram não se identificar.

Documentação é barreira para retorno

O governo brasileiro exige prova de residência, capacidade financeira e certificado de ausência de antecedentes criminais para conceder vistos. Para muitos haitianos, que vivem em abrigos nos EUA, cumprir esses requisitos é praticamente impossível. Além disso, é necessário comprovar a forma como chegaram aos EUA, o que se torna um desafio para quem utilizou coyotes, grupos de contrabandistas.

Itamaraty defende política de acolhimento

O Itamaraty informou que a política de acolhimento aos haitianos é uma prática consolidada no Brasil. Apesar disso, a diretora da NECC New England Community Center, Lídia Souza, relatou dificuldades em auxiliar famílias haitianas a obterem os vistos, incluindo aquelas com 30 filhos nascidos no Brasil.

Deportações e risco no Haiti

Mesmo com vistos, haitianos estão sendo deportados dos EUA. A situação é agravada pela violência no Haiti, onde uma guerra entre gangues tomou conta do país, tornando o retorno uma ameaça à vida de muitas famílias. A decisão de revogar os vistos gerou protestos e acusações de ataques diretos à comunidade haitiana.

Murad Awawdeh, presidente da New York Immigration Coalition, criticou a medida, afirmando que ela coloca em risco milhares de famílias que contribuem para a economia local. Ações judiciais foram movidas para tentar impedir as deportações, mas o temor da comunidade é de que não vingarão.