Viterbo marca história com o conclave mais longo da Igreja Católica e novas regras eleitorais

VITERBO, Itália — O conclave de Viterbo, realizado no século XIII, é reconhecido como o mais longo da história da Igreja Católica, durando 1.006 dias. A eleição papal, marcada por divisões entre os cardeais, resultou na criação do termo "conclave", que significa "com a chave" em latim. Este evento histórico influenciou as regras atuais para a escolha de papas.

Os cardeais se reuniram em Viterbo em novembro de 1268 para eleger o sucessor do Papa Clemente IV. A falta de consenso entre as facções, ligadas ao papado e ao Sacro Império Romano, prolongou a votação até setembro de 1271. A insatisfação da população local, que arcava com os custos da hospedagem dos cardeais, levou a medidas drásticas.

Medidas Drásticas

Os cardeais foram inicialmente confinados no palácio papal, e a pressão popular resultou em restrições severas. Eles passaram a receber apenas pão e água, e, em um ato extremo, parte do telhado foi removida para expô-los às intempéries. Após três semanas, as condições melhoraram, mas a votação continuou por mais 15 meses até a escolha de Gregório X.

Para evitar a repetição desse impasse, Gregório X promulgou a constituição apostólica "Ubi Periculum", que estabeleceu regras rigorosas para os conclaves futuros. Entre as novas normas, destacava-se a limitação a uma refeição diária, visando acelerar a decisão.

Legado de Viterbo

Historiadores afirmam que o conclave de Viterbo moldou as práticas eleitorais papais contemporâneas. As regras estabelecidas então ainda são relevantes, contribuindo para a agilidade dos conclaves modernos. O próximo conclave, que escolherá o sucessor do Papa Francisco, poderá refletir essa influência histórica.

Elena Cangiano, arqueóloga do Palazzo dei Papi, destaca que a experiência de Viterbo ajudou a garantir que os conclaves atuais sejam mais rápidos. A cidade, que se orgulha de seu papel na história da Igreja, continua a atrair turistas interessados em sua rica herança medieval.