11 de mai 2025
Corte de investimentos em ciência e tecnologia leva Argentina a retroceder 25 anos
Cortes drásticos na ciência argentina sob Javier Milei resultam em 4 mil empregos perdidos e desinteresse crescente por carreiras científicas.
Javier Milei durante um evento empresarial em Buenos Aires, Argentina, em março de 2024. (Foto: Agustin Marcarian/REUTERS)
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O governo de Javier Milei na Argentina tem promovido cortes drásticos no financiamento da ciência e tecnologia, levando o setor a um retrocesso de quase 25 anos. Em apenas 17 meses de gestão, mais de 4.000 empregos foram eliminados, refletindo uma queda de 30% no poder aquisitivo de pesquisadores e estagiários.
Os investimentos em ciência caíram para níveis de 2002, quando o país enfrentava uma grave crise econômica. O orçamento destinado à pesquisa científica, que era de 0,30% do Produto Interno Bruto (PIB), despencou para 0,21% no último ano e deve cair ainda mais, chegando a 0,15% em 2025, segundo o Centro Iberoamericano de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação (CIICTI).
Impactos no Setor Científico
A degradação do Ministério de Ciência a uma secretaria resultou em cortes orçamentários significativos. A Agência Nacional de Promoção da Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação está praticamente paralisada, sem convocações para novos projetos desde 2022. Valeria Levi, vicedecana da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires, destacou que os valores atuais de financiamento são comparáveis aos da crise de 2001-2002.
Os salários dos pesquisadores e estagiários também sofreram uma queda de 30% em seu poder de compra desde 2023. A maioria dos profissionais do setor científico recebe salários muito baixos, levando a um aumento do pluriemprego e à fuga de talentos para o setor privado ou outros países. Entre dezembro de 2023 e abril de 2024, o sistema científico perdeu 4.148 postos de trabalho.
Desinteresse pela Carreira Científica
O número de jovens interessados em seguir a carreira científica também caiu drasticamente. Em 2023, 1.960 pessoas se inscreveram para o Conicet, o principal órgão de pesquisa do país, enquanto em 2024 esse número caiu para 1.378. Além disso, 853 jovens aprovados em concursos ainda não iniciaram suas atividades.
A recente eliminação do Fondotec, um fundo criado em 1990 para promover a ciência e tecnologia, agrava ainda mais a situação. As medidas do governo têm gerado um ambiente hostil para a pesquisa, com a comunidade acadêmica clamando por mudanças que ainda não foram atendidas.
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