Nayib Bukele se afasta da imagem de 'ditador cool' e adota postura autoritária

Nayib Bukele, presidente de El Salvador, tem enfrentado crescente oposição e críticas por suas ações autoritárias. Recentemente, ele reprimiu uma manifestação pacífica de aproximadamente 150 campesinos que pediam ajuda para evitar despejos. O evento ocorreu em frente à sua residência, onde a resposta do governo foi a mobilização de militares e policiais.

Desde que assumiu o cargo, Bukele tem sido acusado de adotar medidas despóticas. No início de seu mandato, ele demitiu centenas de funcionários públicos e dissolveu instituições com um único tweet. Em 2020, ele invadiu a Assembleia Legislativa com militares para pressionar pela aprovação de um empréstimo. Em 2021, consolidou seu poder ao nomear juízes que aprovaram sua reeleição, apesar da proibição constitucional.

Mudança de Imagem

A imagem de Bukele, que inicialmente era a de um líder moderno e inovador, tem se transformado. Especialistas afirmam que ele passou a adotar um populismo punitivo, projetando-se como um líder forte. Sua vestimenta também mudou, abandonando o estilo casual por trajes formais que evocam figuras históricas.

A política de segurança de Bukele, que já foi marcada por investimentos em programas sociais, agora se concentra na repressão. Ele implementou um Regime de Exceção, renovado mais de 36 vezes, que resultou na prisão de cerca de 80 mil pessoas em um país de 6,3 milhões de habitantes. Organizações de direitos humanos alertam para abusos, com relatos de mortes em prisões.

Reação à Oposição

A repressão a manifestações e a detenção de líderes comunitários refletem uma escalada na repressão. Após a recente manifestação, Bukele anunciou medidas contra organizações de direitos humanos, incluindo uma nova lei que retém 30% de seus rendimentos. Apesar das críticas, sua popularidade permanece alta, com índices de aprovação acima de 80%.

A dinâmica política em El Salvador está mudando, com muitos cidadãos hesitando em criticar o governo por medo de represálias. Especialistas indicam que, embora haja reservas sobre a administração de Bukele, muitos ainda optam por apoiá-lo. A imagem do "ditador cool" parece estar se dissipando, enquanto ele se aproxima do perfil de líderes autoritários tradicionais.