Corte de assistência social ameaça saúde e alimentação de milhões de crianças nos EUA

O Congresso dos Estados Unidos está em debate sobre um projeto de lei de gastos proposto por Donald Trump, que visa cortes significativos em programas sociais. A proposta, aprovada pela Câmara dos Representantes por um voto (215 a 214), pode resultar nos maiores cortes ao Medicaid e ao SNAP da história, afetando milhões de crianças, especialmente aquelas de famílias imigrantes e comunidades latinas.

A legislação busca financiar cortes de impostos para os mais ricos, enquanto mais da metade das crianças hispânicas depende de assistência alimentar e de saúde. A congressista da Flórida, Kathy Castor, destacou que “crianças e famílias em todo o país estão em risco de perder cobertura de saúde acessível e acesso a refeições saudáveis”. Se aprovada pelo Senado, a medida poderá levar a uma redução drástica nos benefícios de saúde e alimentação.

Um relatório recente de organizações como UnidosUS e First Focus on Children revela que cerca de 34 milhões de crianças nos EUA dependem do Medicaid e do SNAP. Destas, 14 milhões utilizam ambos os programas, aumentando o risco de perder acesso a cuidados médicos e alimentação. Bruce Lesley, presidente da First Focus on Children, afirmou que “não há nada de bonito nesta grande proposta para as crianças”.

O projeto de lei propõe um corte de R$ 1 trilhão em programas de proteção social, com impactos desproporcionais em comunidades racialmente marginalizadas. Estima-se que 58% das crianças latinas, 67% das crianças nativas americanas e 65% das crianças negras se beneficiam de algum programa afetado. A proposta é vista como um ataque aos valores do país, segundo Katharine Pichardo, presidente da Latino Victory.

Além disso, cerca de 12% das crianças nos EUA têm pelo menos um pai que não é cidadão. O projeto elimina benefícios para essas famílias, incluindo refugiados e beneficiários do DACA. A proposta também retira o crédito tributário infantil para famílias sem número de Seguro Social, afetando entre dois e quatro milhões de crianças.

Os republicanos defendem a proposta como parte de uma estratégia contra imigrantes indocumentados, mas críticos apontam que os cortes impactarão principalmente aqueles que estão legalmente no país. Muitos imigrantes hesitam em solicitar benefícios devido ao medo de deportação, o que agrava a situação de vulnerabilidade dessas famílias.