PP adota retórica agressiva e se distancia de discurso moderado de Feijóo

Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP), mudou sua abordagem em relação ao governo de Pedro Sánchez. Em abril de 2022, Feijóo prometeu um discurso de respeito às línguas cooficiais e diálogo, mas atualmente adota uma postura mais agressiva. O PP se refere ao governo como “mafia” e critica o uso das línguas cooficiais no Congresso, chamando-o de “karaoke”.

A mudança de tom ocorre em um contexto de pressão da extrema direita e a necessidade de mobilização nas ruas. A presidenta da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, se ausentou de uma reunião importante por se recusar a ouvir a tradução em euskera. Barões do PP exigem a demissão de Sánchez e um adiantamento das eleições.

Um veterano do partido explicou que a estratégia atual visa evitar que o Vox, partido de extrema direita, capitalize o descontentamento popular. O PP, que já foi hegemônico, enfrenta dificuldades para equilibrar a imagem de um partido de governo com a oposição dura exigida por seus eleitores. A mobilização nas ruas, embora não tenha impacto eleitoral imediato, gera um clima de crise e necessidade de mudança.

A socióloga Cristina Monge aponta que o PP enfrenta problemas internos, como a beligerância constante e a influência do Vox, que dificulta a construção de pontes com outros partidos. A estratégia de confronto adotada por Feijóo sacrifica o discurso tradicional do PP, focado em gestão, em favor de uma retórica mais agressiva. A situação atual gera incertezas sobre a capacidade do governo de se manter no poder e sobre a eficácia da oposição do PP.