30 de jun 2025

Lula enfrenta desafios ao adotar discurso de 'nós contra eles' na política atual
Aumento do IOF gera polêmica ao afetar não só os ricos, mas também os mais pobres e microempreendedores, segundo especialistas.

Lula em cerimônia no Palácio do Planalto (Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo)
Ouvir a notícia:
Lula enfrenta desafios ao adotar discurso de 'nós contra eles' na política atual
Ouvir a notícia
Lula enfrenta desafios ao adotar discurso de 'nós contra eles' na política atual - Lula enfrenta desafios ao adotar discurso de 'nós contra eles' na política atual
No debate sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT adotaram a estratégia do “nós contra eles”. Em vídeos nas redes sociais, o governo retrata o “povo” sobrecarregado por impostos, enquanto os “ricos” são mostrados com uma carga tributária leve. Essa abordagem visa justificar a necessidade de aumentar receitas fiscais em vez de cortar gastos.
Especialistas alertam que o aumento do IOF não penaliza apenas os ricos, mas também impacta os mais pobres e microempreendedores. O tributo incide sobre empréstimos e cartões de crédito, encarecendo o custo do crédito, especialmente para aqueles que dependem de empréstimos rotativos. Além disso, o aumento nas transações cambiais pode elevar os preços de importações, contribuindo para a inflação.
O governo poderia ter optado por uma reforma mais progressiva, como a revisão da base de cálculo do Imposto de Renda, em vez de aumentar o IOF. A estrutura tributária brasileira é considerada regressiva, onde as faixas de renda mais alta pagam proporcionalmente menos impostos. No entanto, a proposta atual ignora a necessidade de revisar regimes especiais que custam ao país cerca de R$ 800 bilhões anuais.
Críticas e Consequências
A estratégia de “nós contra eles” também gera críticas políticas. O presidente da Câmara, Hugo Motta, destacou que essa retórica pode alienar setores importantes da sociedade. Ele sugere que o governo deveria focar em uma agenda propositiva para enfrentar a crise fiscal, como desvincular benefícios previdenciários do salário mínimo.
Historicamente, essa abordagem já foi utilizada pelo PT e resultou em uma oposição mais forte. Lula, que se elegeu com o apoio de uma frente ampla, corre o risco de perder esse suporte ao adotar um discurso que pode ser visto como divisivo. A falta de uma proposta clara para revisar benefícios tributários pode comprometer a credibilidade do governo e sua capacidade de promover mudanças efetivas na estrutura fiscal do Brasil.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.