Lula critica ação de Motta e ameaça deixar governo se não for ao STF

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a recente derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional. Em entrevista à Rede Globo, Lula defendeu a judicialização do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que a decisão infringe a separação de Poderes. "Se eu não entrar com um recurso no Poder Judiciário, não governo mais o país", declarou.

Lula destacou que a derrubada do decreto representa um desrespeito a um acordo prévio estabelecido com a cúpula do Congresso. O advogado-geral da União, Jorge Messias, também afirmou que a decisão do Legislativo é inconstitucional. O presidente enfatizou que o governo tem o direito de propor o aumento do IOF, que considera essencial para garantir justiça tributária e social.

Tensão com o Legislativo

A relação entre o Executivo e o Legislativo se deteriorou após a votação-surpresa que resultou na derrota do governo. Lula criticou o presidente da Câmara, Hugo Motta, por descumprir um acordo feito em uma reunião anterior. "O erro foi o descumprimento de um acordo", afirmou o presidente, referindo-se ao clima de harmonia que cercou a negociação.

O governo já prevê um aumento nas tensões com o Congresso. Lula expressou preocupação com a influência de setores financeiros na decisão dos parlamentares. "Os interesses de poucos prevaleceram dentro da Câmara e do Senado, o que eu acho um absurdo", disse.

Próximos Passos

Após participar da Cúpula dos Brics, Lula planeja se reunir com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tentar restabelecer o diálogo. O presidente afirmou que busca uma normalidade política, mas a situação atual evidencia a crescente autonomia dos parlamentares, dificultando a comunicação entre os Poderes.

A decisão de recorrer ao STF gerou reações na oposição, que vê a ação como uma declaração de guerra ao Congresso. A tensão entre os Poderes pode impactar a governabilidade e a implementação de políticas públicas, colocando o governo em uma posição vulnerável.