EUA se transformam em palco de autocracia disfarçada de legitimidade

Erosão Democrática nos EUA: O Processo de Autocratização sob Trump

A erosão democrática nos Estados Unidos, conforme analisado por Daniel Stockemer, revela um processo de autocratização sob a liderança de Donald Trump. Este fenômeno, que se intensificou após sua reeleição em 2024, é caracterizado por deslegitimação eleitoral, captura institucional e normalização da repressão.

Stockemer destaca que a autocratização se estrutura em seis etapas. A primeira é a deslegitimação eleitoral, onde há um questionamento constante dos resultados das eleições e a recusa em aceitar derrotas. Em seguida, a captura institucional ocorre com a nomeação de aliados em posições-chave do Judiciário e a utilização de ordens executivas para contornar o Legislativo.

Etapas do Processo

A terceira etapa envolve o assédio à imprensa e à sociedade civil, seguido pela judicialização punitiva, que se manifesta em investigações contra opositores. A quinta etapa é marcada pela militarização retórica, que justifica a vigilância e restrições de direitos sob a alegação de ameaças existenciais. Por fim, a normalização da repressão se estabelece quando práticas autoritárias são aceitas por amplos setores da sociedade.

Essas etapas, segundo Stockemer, já estavam em curso durante o mandato de Trump, mas se tornaram mais evidentes no início de 2025. Nesse contexto, práticas autoritárias passaram a ser vistas como normais, especialmente entre os eleitores republicanos, que agora consideram aceitáveis as restrições de direitos.

O Futuro da Democracia Americana

Embora ainda haja espaço para reverter esse processo, a erosão democrática nos EUA entrou em uma fase de institucionalização e normalização, a mais difícil de reverter. O fenômeno do trumpismo, longe de ser um acidente, se apresenta como um laboratório global de autocratização, mostrando que democracias podem ser desmanteladas de dentro, sem a necessidade de golpes ou revoluções.