27 de jan 2025
Trump revive doutrinas de política externa para moldar relações com a América Latina
Donald Trump afirmou que os EUA "não precisam da América Latina", gerando polêmica. O novo secretário de Estado, Marco Rubio, visitará cinco países latino americanos. Tensão sobre o Canal do Panamá reflete a Diplomacia das Canhoneiras de Trump. A China já é o principal parceiro comercial de vários países da região. EUA investiram US$ 184,3 bilhões na América Latina em 2023, apesar da queda.
Presidente dos EUA, Donald Trump, durante assinatura de decretos no Salão Oval (Foto: AFP)
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O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou suas opiniões sobre a América Latina, destacando um relacionamento potencialmente tenso e marcado por ameaças. Ele afirmou que os EUA "não precisam da América Latina", mas a região depende do país. Dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostram que a ajuda americana é significativa, com os EUA liderando o Investimento Estrangeiro Direto na região. Contudo, analistas alertam que Trump não pode ignorar a América Latina devido a interesses comerciais e à crescente influência da China.
O novo secretário de Estado, Marco Rubio, visitará cinco países latino-americanos, incluindo Guatemala e Panamá, onde as tensões aumentam devido à intenção de Trump de recuperar o Canal do Panamá. Essa abordagem remete à Diplomacia das Canhoneiras, que envolve o uso de força militar para garantir interesses americanos. Em seu discurso de posse, Trump criticou a entrega do canal ao Panamá, afirmando que os EUA foram tratados injustamente e que a China está operando o canal, o que ele considera inaceitável.
Especialistas, como Carlos Mussi, veem as declarações de Trump como um retorno à Doutrina Monroe, que visa a hegemonia americana na região. Mussi destaca que a retórica de Trump ressoa com valores americanos e que a China é um fator crucial na política externa dos EUA. Antonio Ortiz-Mena, da Universidade de Georgetown, ressalta que ações unilaterais podem prejudicar o acesso dos EUA a mercados latino-americanos, especialmente o México, que é um importante parceiro comercial.
Em termos comerciais, a China superou os EUA como principal parceiro de vários países latino-americanos. Em 2023, o comércio entre a China e a região alcançou US$ 480 bilhões, enquanto o comércio com os EUA foi de US$ 180 bilhões. A Cepal aponta que, entre 2000 e 2022, o comércio com a China cresceu 35 vezes, enquanto o comércio total da região aumentou apenas quatro vezes. Apesar da queda de 9,9% nos investimentos dos EUA na América Latina em 2023, o país ainda lidera, com US$ 184,3 bilhões investidos, sendo o Brasil e o México os principais destinos. A visita de Rubio será crucial para entender a disposição do governo Trump em manter sua influência na região diante da competição com a China.
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