Governo Lula busca diálogo discreto com EUA sobre deportações de brasileiros

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva busca dialogar com os Estados Unidos sobre imigração e outros temas sensíveis, adotando uma postura discreta. Na última sexta-feira, um voo de deportados brasileiros chegou ao Brasil, gerando preocupações sobre o tratamento recebido, incluindo relatos de agressões e condições degradantes. O encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, foi convocado ao Itamaraty para discutir o episódio, que envolveu brasileiros algemados e com correntes nos pés durante o transporte.

A diplomacia brasileira, liderada pela embaixadora Márcia Loureiro, optou por tratar o caso sob a rubrica de "comunidades brasileiras no exterior", evitando uma abordagem política mais ampla. A expectativa é que Lula participe cautelosamente da reunião da Comunidade Latino-Americana e Caribenha (Celac), marcada para quinta-feira, onde a deportação de imigrantes ilegais será um dos tópicos centrais. O governo brasileiro pretende manter um canal de comunicação aberto com a administração de Trump, evitando erros cometidos por outros países na relação com os EUA.

O tratamento dado aos deportados gerou críticas, incluindo do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que questionou a necessidade de algemas e correntes para cidadãos que não representam risco. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também se manifestou, enfatizando a importância de respeitar a dignidade dos deportados e os direitos humanos. O Itamaraty já informou que o acordo de repatriação com os EUA foi violado, e medidas estão sendo tomadas para garantir que situações semelhantes não se repitam.

Os relatos dos deportados, como o de Luiz Fernando Costa, destacam as condições precárias enfrentadas durante o voo, incluindo calor extremo e falta de alimentação. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, está apurando as denúncias e exigindo esclarecimentos das autoridades americanas. A situação gerou um alerta sobre a necessidade de um tratamento mais humano e respeitoso para os brasileiros deportados, reafirmando a posição do Brasil em defender os direitos de seus cidadãos.