Tailândia interrompe fornecimento de energia em áreas de Mianmar ligadas a golpes online

Na quarta-feira, a Tailândia cortou o fornecimento de eletricidade para várias áreas em Mianmar, onde operam locais centrais de uma indústria global de fraudes online avaliada em bilhões de dólares. De acordo com uma ONG local, pelo menos um dos locais de fraude ainda estava em funcionamento na tarde de quarta-feira. As fábricas de golpes online, muitas vezes geridas por sindicatos criminosos chineses, proliferaram em Mianmar, que enfrenta uma violenta guerra civil desde que o exército tomou o poder em 2021. Trabalhadores, atraídos por promessas de empregos bem remunerados, são frequentemente mantidos em cativeiro e forçados a realizar esquemas fraudulentos.

O Ministro do Interior da Tailândia, Anutin Charnvirakul, anunciou a interrupção do fornecimento de eletricidade em cinco locais na fronteira, afirmando que a decisão foi tomada pelo Conselho Nacional de Segurança. Ele destacou que a eletricidade não foi cortada por violação de contrato, mas sim por uso indevido em fraudes, tráfico de drogas e call centers. Um dos locais afetados foi Myawaddy, que abriga algumas das maiores instalações de fraude, onde milhares de trabalhadores estão detidos. As operações de fraude têm se beneficiado da corrupção e da falta de lei nas regiões fronteiriças de Mianmar.

A pressão sobre a Tailândia para combater essas atividades criminosas aumentou, especialmente após o sequestro do ator chinês Wang Xing, que foi levado para Mianmar sob falsas promessas. Seu resgate trouxe à tona a situação de centenas de famílias chinesas que buscam ajuda para libertar seus entes queridos, muitos dos quais estão desaparecidos há meses. Estima-se que cerca de 6.500 vítimas de 23 países estejam presas em Myawaddy, incluindo aproximadamente 4.500 cidadãos chineses, segundo uma ONG tailandesa.

Embora a Tailândia tenha cortado o fornecimento de eletricidade para locais de fraude anteriormente, não está claro se essas ações tiveram impacto significativo nas operações. Os chefes dos locais podem recorrer a geradores a diesel e à internet via Starlink. Moradores locais expressaram preocupação com a interrupção da eletricidade, temendo que apenas os empresários pudessem arcar com geradores, enquanto os pobres enfrentariam dificuldades. A situação em Mianmar continua crítica, com mais de 5.000 civis mortos e 3,3 milhões deslocados devido ao conflito, enquanto o país se torna um hotspot para fraudes cibernéticas e tráfico humano.