EUA suspende ajuda a Ucrânia e agrava crise humanitária e econômica no país

A Ucrânia se destaca como o maior receptor de ajuda humanitária e econômica dos Estados Unidos, recebendo mais de 34 bilhões de dólares em assistência não militar através da USAID desde a invasão russa em fevereiro de 2022. Em 2023, o valor foi de 17,1 bilhões de dólares, enquanto a média para outros países assistidos pela USAID é de 565 milhões de dólares. A recente decisão do ex-presidente Donald Trump de congelar toda a ajuda externa não militar e desmantelar a USAID deixou a Ucrânia em uma crise humanitária e econômica inesperada, com várias organizações não governamentais (ONGs) e administrações públicas enfrentando dificuldades.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, anunciou que o governo determinará quais projetos são críticos para o financiamento estatal, priorizando programas de reabilitação para soldados. A ONG Veteran Hub, que cuida de soldados feridos, teve que fechar seu centro em Vinnytsia, enquanto a Go Global, que oferece programas educacionais, suspendeu três projetos, afetando milhares de estudantes. A suspensão de ajuda dos EUA impactou também a distribuição de alimentos e serviços essenciais em várias localidades, como em Izium, onde a reconstrução está paralisada.

A decisão de Trump também afetou projetos da ONU, com 80% do financiamento de algumas iniciativas de direitos humanos vindo da USAID. A missão da ONU na Ucrânia está avaliando quais projetos são essenciais para a sobrevivência dos beneficiários, garantindo que os programas voltados para crianças não sejam afetados. A incerteza sobre a continuidade da ajuda gerou preocupação entre as ONGs, que já começaram a enviar funcionários para casa devido à falta de recursos.

Além disso, a USAID tem sido crucial para a economia ucraniana, ajudando 15 mil agricultores com insumos e tecnologia. O congelamento da ajuda impactou severamente a produção cultural e a mídia independente, com mais de 100 organizações sem financiamento. Veículos de investigação como Bihus e Slidstvo, que dependem fortemente da ajuda americana, enfrentam riscos de sobrevivência, destacando a importância da assistência dos EUA para a liberdade de imprensa na Ucrânia.