Brasileiros nos EUA adotam estratégias para escapar da fiscalização do ICE

Brasileiros com status regular nos Estados Unidos estão enfrentando um clima de tensão devido ao aumento da fiscalização do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega). A promessa de campanha de Donald Trump de deportar imigrantes indocumentados tem gerado receios, levando muitos a evitarem espaços públicos. Um brasileiro, que vive há 28 anos no país, relatou que deixou de frequentar a igreja e reduziu suas idas ao mercado por medo de ser deportado, mesmo após tentar regularizar sua situação há duas décadas.

Apesar do medo, a rotina de trabalho continua. Uma brasileira em Maryland, que está nos EUA desde 2013, afirmou que, embora esteja assustada, precisa trabalhar. Ela não possui status regular, mas não tem ordem de deportação. A comunidade brasileira tem adotado estratégias para lidar com a situação, evitando mercados e igrejas. Grupos de WhatsApp têm sido utilizados para alertar sobre fiscalizações, embora essa prática já tenha ocorrido durante o primeiro governo de Trump, mas com menos intensidade.

Ronaldo Felício, um comunicador que apoia brasileiros nos EUA, notou uma queda na participação em suas palestras sobre migração. Ele planejou um evento para 150 pessoas, mas apenas 30 compareceram, refletindo o medo da população em ser presa ou deportada. Estima-se que cerca de 230 mil brasileiros vivem sem permissão formal nos Estados Unidos, tornando o Brasil o oitavo país com o maior número de indocumentados.

A internet tem sido uma ferramenta importante para a comunidade, com plataformas colaborativas que informam sobre fiscalizações do ICE em tempo real. A política de deportação em massa de Trump continua a ser um tema relevante, com a disseminação de informações sobre os riscos enfrentados pelos imigrantes indocumentados.