22 de abr 2025
Cinco conflitos armados ou civis causados por instabilidade política
Conflitos armados e civis emergem da instabilidade política em diversas regiões. Entenda as crises no Sudão, Mianmar, Haiti, Síria e Venezuela.
Homem da tribo dinka, com um rifle AK-47 no Sudão do Sul. GORAN TOMASEVIC (REUTERS)
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Podemos definir a instabilidade política como um movimento que pode gerar conflitos civis ou armados ao redor do mundo. Essa causa se dá por alguns fatores como a corrupção, desigualdade social e econômica, conflitos étnicos e religiosos e a polarização política. Esses são apenas 5 exemplos de como a instabilidade política pode desencadear conflitos graves ao redor do mundo. Atualmente, existem mais de 100 conflitos em andamento cada um com histórias, causas e consequências que merecem atenção.
1. Guerra Civil no Sudão Com início em abril de 2023, este embate entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF), sob o comando do general Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, tem ocorrido sobretudo em Cartum e outras regiões estratégicas do país. Os principais motivos deste conflito envolvem a transição para um governo civil e um desacordo sobre a integração das RSF nas SAF. As tensões aumentaram após um golpe militar que ocorreu em 2021, onde teve uma interrupção na transição democrática no Sudão. O Sudão enfrenta uma enorme crise humanitária, com intenso deslocamento de pessoas e milhares de feridos e mortos. O país está em completo caos, e muitas pessoas não conseguem acesso a alimentos, água e cuidados médicos. A comunidade internacional tem apelado por um cessar-fogo e por negociações de paz para encerrar o conflito; entretanto, os esforços têm sido ineficazes.
2. Conflito em Mianmar Após o golpe de Estado militar em 1º de fevereiro de 2021, quando o Tatmadaw derrubou o governo civil liderado por Aung San Suu Kyi, o conflito começou a se intensificar. Grupos armados civis, como as Forças de Defesa do Povo, uniram-se sob o Governo de Unidade Nacional para combater a junta militar, em resposta à enorme repressão sofrida. A formação desses grupos armados civis foi uma reação direta à violência militar e à perda de liberdades democráticas. O Tatmadaw tentou justificar o golpe alegando irregularidades eleitorais; entretanto, não apresentou evidências concretas. O conflito também envolve grupos étnicos que lutam por autodeterminação, como os rohingyas, que enfrentam discriminação e violência. Mais de 6.000 civis morreram desde o golpe, e cerca de 3 milhões de pessoas foram deslocadas, gerando uma enorme crise humanitária. A situação é crítica: milhões de pessoas necessitam de assistência, o país está em completo colapso econômico, e a infraestrutura está sendo totalmente destruída.
3. Crise no Haiti Após o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, a crise se agravou significativamente. O país vem enfrentando uma escalada da violência devido à atuação de gangues armadas, que controlam grandes áreas de Porto Príncipe e outras regiões. Esses grupos foram responsáveis por milhares de mortes e deslocamentos, além de diversos outros problemas. A instabilidade política e a corrupção foram fatores essenciais para essa crise, mas não se pode deixar de mencionar a dívida histórica e a pobreza endêmica, que também contribuíram para a situação atual. Mais de 400 mil pessoas poderão ser deslocadas nos próximos meses, em razão da violência das gangues. A falta de acesso a serviços básicos, como educação e saúde, tem agravado a crise humanitária. Além disso, devido à crise econômica e à fome, milhares de haitianos estão sendo forçados a migrar para outros países em busca de melhores condições de vida.
4. A Guerra Civil Síria Como parte dos protestos da Primavera Árabe, que exigiam mais democracia e menos corrupção, teve início, em março de 2011, a guerra civil na Síria. No começo, ocorreram protestos pacíficos; todavia, com a repressão violenta do governo de Bashar al-Assad, formaram-se grupos armados de oposição. Esses grupos surgiram para enfrentar as forças governamentais, marcando o início do conflito armado. A ditadura e a corrupção do governo de Bashar al-Assad, que está no poder desde 2000, a insatisfação da população devido à falta de empregos, às restrições de liberdades políticas e à concentração de poder foram os principais motivos que levaram à guerra. Por conta da reação violenta do governo, os protestos evoluíram para um confronto armado. Estima-se que cerca de 600 mil pessoas tenham morrido desde o início do conflito, com milhões de deslocados, sendo grande parte refugiada em outros países. Potências estrangeiras, como os Estados Unidos e a Rússia, se envolveram apoiando diferentes facções, o que tem prolongado o conflito. Diversos sírios continuam sem acesso a serviços básicos, como educação e saúde.
5. Instabilidade na Venezuela Desde 2013, quando Nicolás Maduro assumiu a presidência após a morte de Hugo Chávez, a instabilidade no país começou a aumentar. A situação piorou com a queda dos preços do petróleo, as sanções internacionais e a má gestão econômica, levando a uma inflação extremamente alta e à escassez generalizada de alimentos e medicamentos. A falta de alternância no poder, o autoritarismo do governo e a radicalização da oposição são alguns dos fatores que contribuíram para essa instabilidade. Durante a crise, ocorreram episódios de levantes armados, como a tentativa liderada por Juan Guaidó em 2019, além da atuação de milícias pró-governo, que intensificaram ainda mais a repressão. Assim, a população se encontrou no meio do fogo cruzado entre militares, grupos armados e manifestantes. Mais de 8 milhões de venezuelanos deixaram o país em busca de melhores condições de vida. Embora a Venezuela tenha apresentado alguns sinais de recuperação econômica em 2024, as divisões políticas internas, somadas à pressão internacional, continuam a ameaçar a estabilidade do país.
Podemos observar que as consequências dos conflitos são catastróficas, incluindo mortes, deslocamentos populacionais e crises econômicas. Tudo isso ocorre devido a fatores como corrupção, desigualdade social e polarização política. Se cada instituição se fortalecesse democraticamente, com foco na estabilidade política e econômica, grande parte desses confrontos poderia ser evitada.
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