Rejeições de pedidos de asilo de ex-comandos afegãos levantam polêmica no Reino Unido

Um oficial das Forças Especiais do Reino Unido rejeitou 1.585 pedidos de reassentamento de afegãos com vínculos comprovados aos commandos britânicos, conhecidos como Triples. Os documentos divulgados pelo Ministério da Defesa (MoD) revelam que o oficial, cujo nome não foi divulgado, negou todas as solicitações referidas a ele no verão de 2023.

As rejeições ocorreram em um contexto de investigação sobre alegações de crimes de guerra cometidos pelas Forças Especiais britânicas no Afeganistão. O MoD admitiu que o oficial pode ter estado ligado a essa investigação, levantando preocupações sobre um possível conflito de interesse. Os Triples, que apoiaram as operações britânicas, enfrentam represálias do Talibã desde a queda do governo afegão em 2021.

Rejeições em Massa

A chefe da equipe de reassentamento afegão do Reino Unido, Natalie Moore, expressou preocupação sobre a prática de "rejeições automáticas" em relação aos Triples. Em uma declaração, ela mencionou que isso poderia indicar uma política de rejeição em massa não publicada. O ex-ministro de Veteranos, Johnny Mercer, também alertou sobre o "significativo conflito de interesse" que isso representava.

Mais de 2.000 aplicações com evidências credíveis foram rejeitadas, e o MoD anunciou uma revisão dessas decisões após constatar que os processos não eram "robustos". O ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, anunciou uma nova fase da revisão, que incluirá até 2.500 casos adicionais que podem ter sido indevidamente rejeitados.

Consequências Mortais

Testemunhos indicam que alguns ex-Triples que tiveram seus pedidos negados foram torturados e mortos pelo Talibã. Documentos judiciais revelaram que o governo lançou investigações sobre as ações do oficial das Forças Especiais e as alegações de conflito de interesse. Uma das investigações, chamada Operação X, não encontrou evidências de motivações ocultas, mas apontou falhas nos processos de verificação.

O advogado do ex-Triple que moveu a ação judicial criticou o MoD por não divulgar evidências de uma prática de rejeição em massa. A representante do MoD, Cathryn McGahey, reconheceu que o ministério havia fornecido respostas imprecisas e pediu desculpas por isso. A legalidade da revisão dos pedidos rejeitados está sendo questionada no tribunal.