27 de mai 2025
Entenda o embate entre Alexandre de Moraes e Eduardo Bolsonaro
Deputado licenciado se mudou para os EUA e passou a defender sanções ao ministro do STF; inquérito autorizado por Moraes investiga possível obstrução de Justiça e ameaça à soberania brasileira
A decisão ocorre logo após Paulo Gonet ter pedido a investigação sobre atos do deputado nos Estados Unidos (Jane de Araújo/Agência Senado/Andressa Anholete/STF/Divulgação)
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Do embarque rumo aos Estados Unidos à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), a crise envolvendo o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ministro Alexandre de Moraes chegou a um novo patamar. Moraes autorizou, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), uma investigação contra o parlamentar por suposta atuação nos EUA para pressionar autoridades americanas a imporem sanções contra o magistrado.
Morando fora do país desde março, Eduardo vem se apresentando como articulador de uma ofensiva internacional contra Moraes, com base na chamada Lei Magnitsky, que permite aos EUA sancionar estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos. A medida, se aplicada, poderia incluir bloqueio de bens, cancelamento de vistos e restrições de entrada no país. O deputado afirmou que só retorna ao Brasil quando Moraes for “encoleirado” pelas autoridades americanas.
PGR aponta tentativa de obstrução e intimidação ao STF
O inquérito autorizado por Moraes apura possíveis crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O caso ganhou força após representação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e provocou reações tanto no Judiciário quanto no Executivo. A PGR argumenta que Eduardo tenta “embaraçar o julgamento técnico” sobre a tentativa de golpe de Estado, no qual seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, é réu.
O próprio ex-presidente foi incluído na investigação. Moraes determinou a tomada de depoimentos de Jair Bolsonaro, que admitiu estar arcando com as despesas do filho nos EUA, além de diplomatas envolvidos nas tratativas. Nos bastidores do STF, a hipótese de sanções contra Moraes é tratada como uma afronta à soberania brasileira.
Declarações nos EUA e influência de Musk aumentam pressão
O cenário se agravou após declarações do senador americano Marco Rubio, aliado de Donald Trump, que indicou a possibilidade de o futuro governo republicano adotar medidas contra o magistrado brasileiro. O movimento, segundo integrantes do Supremo, estaria sendo influenciado pelo bilionário Elon Musk, em rota de colisão com Moraes desde os embates envolvendo a moderação de conteúdo na plataforma X (antigo Twitter).
Para ministros do STF, a ameaça de sanções internacionais representa “interferência direta na soberania nacional” e pode ser uma forma de retaliação articulada por Musk, após a Justiça brasileira determinar a suspensão de contas e cobrar responsabilidades da plataforma por descumprimento de decisões judiciais.
Governo brasileiro reage com cautela para evitar escalada
A tensão ganhou contornos diplomáticos. A primeira reação do Palácio do Planalto foi pressionar por uma resposta firme a Rubio, mas o Itamaraty optou por uma abordagem mais cautelosa para evitar inflamar ainda mais a situação. A avaliação interna é que uma escalada pública daria mais munição ao discurso de perseguição adotado por Eduardo.
Interlocutores do governo defendem que o momento exige diplomacia e diálogo, já que o Brasil tenta evitar um conflito direto com os EUA às vésperas das eleições presidenciais americanas, onde Trump é pré-candidato.
Bolsonaristas elevam o tom; oposição aciona Conselho de Ética
Na oposição, os ataques se intensificaram. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Eduardo, declarou que o procurador-geral Paulo Gonet — autor do pedido de investigação — “pode entrar no rol de possíveis sancionados” pelos EUA. Já o PT informou que vai acionar o Conselho de Ética da Câmara, acusando Eduardo de coagir ministros do STF.
“É o momento de defender o nosso país de uma agressão, e essa agressão está sendo estimulada por um deputado com mandato”, afirmou Lindbergh. “Espero que isso tenha consequências.”
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