24 de jan 2025
Homens devem romper com a cumplicidade para combater a misoginia, afirma Valeska Zanello
O relato de Vanessa Barbara expôs traições e machismo no mercado editorial. A repercussão nas redes sociais levou a pedidos de desculpas dos envolvidos. Valeska Zanello destaca a necessidade de politizar o sofrimento feminino. A "casa dos homens" perpetua a objetificação e a misoginia na sociedade. A pesquisa de Zanello revela a cumplicidade masculina em comportamentos misóginos.
Foto: Reprodução
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Um podcast da jornalista e escritora Vanessa Barbara tem gerado discussões sobre machismo e misoginia no mercado editorial brasileiro. No episódio do programa Rádio Novelo Apresenta, lançado em 16 de janeiro, Barbara relata como descobriu traições do ex-marido, André Conti, sócio da editora Todavia, a partir de uma nota fiscal. O caso, que ocorreu em 2011, envolveu um grupo de e-mails com outros 14 amigos que compartilhavam conteúdos depreciativos sobre mulheres. A repercussão foi ampla, levando Conti e outros integrantes a pedirem desculpas, embora alguns contestassem pontos do relato.
A pesquisa da professora Valeska Zanello, da Universidade de Brasília, sobre a "casa dos homens" ajuda a entender o contexto. Esse conceito, originado do sociólogo francês Daniel Welzer-Lang, descreve como a masculinidade é construída em um ambiente que promove a objetificação sexual das mulheres. Zanello destaca que, na busca por aceitação, homens aprendem a desumanizar mulheres, perpetuando uma cultura misógina. O silêncio cúmplice entre os homens é um fator que mantém essa dinâmica, onde a misoginia se manifesta de diversas formas, desde discursos de ódio até a objetificação sexual.
Zanello também analisa a reação dos homens envolvidos no caso de Barbara, que pediram desculpas, mas a pesquisadora questiona a sinceridade dessas mudanças. Ela observa que a cultura frequentemente desresponsabiliza homens e responsabiliza mulheres, sugerindo que a cobrança social por comportamentos misóginos é um passo importante. Apesar de algumas mudanças em nichos, o Brasil ainda enfrenta altos índices de feminicídio e violência de gênero, refletindo que a misoginia se reinventa com o tempo e as novas tecnologias.
A pesquisa de Zanello sobre grupos de WhatsApp masculinos revelou a objetificação sexual das mulheres como um valor central, além de outras formas de preconceito, como gordofobia e racismo. Ela enfatiza que a misoginia é um problema estrutural e que a mudança requer um esforço coletivo, especialmente dos homens, para romper com a cumplicidade e enfrentar as consequências sociais de suas ações. A necessidade de políticas públicas que abordem o machismo nas escolas é uma das soluções propostas para transformar essa realidade.
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