25 de abr 2025
Rede de ódio na internet promove ataques a mulheres e radicaliza jovens no Brasil
Grupos virtuais misóginos, como a "manosfera", organizam ataques a mulheres, revelando a radicalização entre jovens na internet.
Hitler na Bahia (Foto: Obtido pelo UOL)
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Uma mensagem de um militar autodenominado "Hitler da Bahia" em um grupo no Telegram revelou a organização de ataques a mulheres, evidenciando a radicalização e a cultura de ódio entre jovens. A mensagem, que diz: "Mostrar para essas 'ninfetinhas' quem continua mandando", foi divulgada pelo UOL e expõe a dinâmica da chamada "manosfera".
Esse fenômeno é caracterizado pela presença de líderes masculinos que atraem adolescentes para comunidades virtuais. O psicanalista Christian Dunker explica que a figura de um homem mais velho, capaz de reunir centenas de jovens, exerce uma forte influência. "Esses meninos são transformados em membros de um poderoso exército, que se organizam e atacam um inimigo em comum," afirma Dunker.
A manosfera abrange diversos grupos com um foco comum: o machismo. A pesquisadora Bruna Camilo destaca que a misoginia pode levar a ataques radicais, como o estupro virtual. "Há uma sensação de liberdade em propagar o ódio contra as mulheres," diz Camilo, que acompanhou cinco grupos no Telegram entre 2021 e 2023.
Os jovens que participam desses grupos frequentemente se identificam como incels (celibatários involuntários), culpando as mulheres por suas dificuldades em relacionamentos. Eles distorcem teorias econômicas para justificar suas crenças, afirmando que "80% das mulheres só se interessam por 20% dos homens." Essa ideologia é alimentada por um ambiente virtual que funciona como uma seita, onde a lealdade é testada.
Dentro da manosfera, também existem os "red pills," homens que se consideram superiores às mulheres. Em contraste, os "black pills" se sentem ainda mais inferiores, acreditando que nunca serão atraentes. Camilo observa que esses grupos oferecem uma válvula de escape para jovens isolados e que sofrem bullying.
A juíza Vanessa Cavalieri, que atua na Vara da Infância e Juventude do Rio, notou um aumento nos crimes virtuais desde 2019, incluindo ameaças e misoginia. Ela defende a proibição de redes sociais para crianças e o monitoramento de adolescentes, afirmando que "a internet é uma rua virtual em que ele sai sozinho e sem dizer para onde vai."
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