Política

Centro de informações do exterior revela mancha na história do Itamaraty

Pesquisadores revelaram 8.330 telegramas do Ciex, monitorando 17 mil pessoas. Apenas 30% dos monitorados eram brasileiros, evidenciando a abrangência da vigilância. Itamaraty não reconhece oficialmente o Ciex, mesmo após 40 anos da redemocratização. Documentos do Ciex foram enviados ao Arquivo Nacional, mas sem avaliação governamental. Especialistas pedem revisão histórica para evitar repetição de abusos do passado.

Fachada do Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, em Brasília (Foto: Pablo Jacob)

Fachada do Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, em Brasília (Foto: Pablo Jacob)

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A atuação do Centro de Informações do Exterior (Ciex), uma divisão clandestina do Itamaraty, é um capítulo obscuro da diplomacia brasileira, marcado pela vigilância de brasileiros exilados e estrangeiros durante a ditadura militar. Apesar de sua existência, o Ministério das Relações Exteriores nunca reconheceu oficialmente o Ciex, e a portaria que o criou permanece em sigilo, mesmo após 40 anos da redemocratização. Um levantamento recente revelou que entre 1966 e 1986, o Ciex monitorou 17 mil pessoas, sendo apenas 30% brasileiros, com o intuito de rastrear a mobilização política de opositores do regime.

Em 2007, reportagens do Correio Braziliense expuseram a arapongagem dentro da diplomacia. O então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se recusou a comentar o assunto, gerando críticas de familiares de desaparecidos políticos. A postura do Itamaraty permanece inalterada sob o governo de Lula, que, ao ser questionado sobre o reconhecimento das atividades de espionagem, forneceu uma resposta evasiva, mencionando que documentos do Ciex foram enviados ao Arquivo Nacional por determinação de Dilma Rousseff em 2006.

O Itamaraty informou que mais de 4 toneladas de documentos foram encaminhadas ao Arquivo Nacional, mas não respondeu a perguntas sobre a quantidade de servidores envolvidos no Ciex ou a portaria de criação da divisão. Especialistas, como Matias Spektor, ressaltam a importância de o Estado brasileiro enfrentar esse passado para evitar a repetição de uma história tão negativa. Ele observa que o Itamaraty, em 2025, pode ter dificuldades em lidar com essa herança, que revela como a chancelaria contribuiu para a vitimização de brasileiros durante a repressão.

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