Polícia de Moçambique ataca protesto da oposição e deixa feridos em Maputo

Pelo menos uma dúzia de pessoas ficaram feridas após a polícia de Moçambique dispersar violentamente um protesto liderado pelo opositor Venâncio Mondlane, que foi o segundo colocado na eleição presidencial contestada do mês passado. A equipe de Mondlane e um grupo da sociedade civil relataram que a polícia disparou balas reais contra o comboio do líder opositor e os manifestantes que o acompanhavam nas ruas de Maputo na quarta-feira. Até o momento, nem a polícia nem as autoridades comentaram sobre o incidente.

Os protestos ocorreram enquanto o presidente Daniel Chapo, que assumiu o cargo em janeiro, se preparava para assinar um acordo após negociações com outros partidos políticos para encerrar meses de agitação em torno da eleição contestada. Mondlane, que convocou os protestos, foi excluído das conversas que levaram à cerimônia. Um comunicado do escritório de Mondlane afirmou que seu comboio foi atacado por uma unidade de intervenção rápida da polícia, que disparou munição real e usou gás lacrimogêneo.

Em resposta ao ocorrido, o ministro do Interior Paulo Chachine declarou que a polícia tinha a missão de evitar qualquer tentativa de perturbar a cerimônia de assinatura do acordo. Ele negou que houvesse uma tentativa de assassinar Mondlane. Segundo a Plataforma Decide, um grupo local de sociedade civil, dezesseis pessoas ficaram feridas, mas a BBC não conseguiu confirmar esses números. A equipe de Mondlane afirmou que duas crianças de uma escola próxima morreram devido aos disparos.

Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento em que os tiros começaram a ser disparados enquanto a procissão se aproximava de um veículo blindado. Testemunhas relataram que a polícia começou a atirar em um cenário que parecia uma emboscada. A ex-potência colonial de Moçambique, Portugal, condenou o "ataque inaceitável ao comboio de Venâncio Mondlane" e pediu contenção e respeito pelos direitos fundamentais. Desde a posse de Chapo, quase quatrocentas pessoas morreram em decorrência da violência ligada aos protestos, segundo organizações da sociedade civil.