11 de mar 2025
Crescimento de mortes por policiais em SP chega a 61% em 2024, enquanto apurações caem
Em 2024, a PM SP registrou 814 mortes, aumento de 61,51% em relação a 2023. Apesar do aumento, houve queda de 5,1% em inquéritos policiais militares instaurados. Queda de 12,2% nas sindicâncias, levantando preocupações sobre controle interno. Acesso a dados sobre letalidade policial foi dificultado pelo governo Tarcísio. Especialistas alertam que a falta de transparência pode agravar a situação.
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o secretário da segurança, Guilherme Derrite (Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP)
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Em 2024, a Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) registrou uma queda em todos os índices de investigação interna, apesar do aumento das mortes em ocorrências policiais. Segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, foram instaurados 2.222 inquéritos policiais militares, uma redução de 5,1% em relação a 2023. Além disso, as sindicâncias que apuram irregularidades disciplinares caíram 12,2%, totalizando 3.748 registros. Em contrapartida, as mortes causadas por policiais militares e civis no estado aumentaram 61,51%, totalizando 814 em 2024.
Dentre as mortes, 775 foram atribuídas a policiais militares, comparadas a 457 em 2023. O número de registros nos Conselhos de Disciplina, que avaliam sindicâncias para praças, caiu 48,1%, com apenas 108 casos. Para oficiais, foram apenas sete casos nos Conselhos de Justificação, uma redução de 12,5%. Especialistas, como Rafael Rocha, coordenador de projetos do Sou da Paz, alertam que essa diminuição nos procedimentos de controle indica um baixa supervisão sobre os policiais nas ruas, especialmente em um ano marcado por várias irregularidades.
A prisão em flagrante de militares também teve uma queda significativa de 48,6%, com apenas 19 registros em 2024. O número de termos de deserção e processos administrativos disciplinares também apresentou reduções expressivas. Rocha critica a falta de transparência do governo Tarcísio, que dificultou o acesso a dados sobre letalidade policial e não compartilha informações sobre comissões de mitigação de risco, criadas anteriormente para monitorar esses casos.
A PM-SP, em resposta, afirmou que não compactua com desvios de conduta e que 295 policiais foram demitidos ou expulsos desde 2023. A corporação não explicou a diminuição nas apurações e não comentou a falta de compartilhamento de dados. Comparando com gestões anteriores, os números de mortes em ocorrências policiais durante os primeiros anos da gestão Tarcísio são inferiores aos registrados em 2019 e 2020, quando a polícia matou 1.681 pessoas. A escalada da violência se tornou evidente em casos recentes, como a morte de um menino de quatro anos em um confronto policial e a morte de um estudante em um hotel na zona sul de São Paulo.
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