Defensoria Pública recomenda afastamento de segurança após abordagem racista em shopping paulista

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo recomendou o afastamento imediato da equipe de segurança do Shopping Pátio Higienópolis após uma abordagem racista contra dois adolescentes negros. O incidente ocorreu na semana passada e motivou a recomendação de substituição da equipe em até 30 dias.

O documento da Defensoria menciona a reincidência de casos de discriminação racial no shopping, citando um episódio de 2022 em que jovens negros foram perseguidos por um segurança. Nos últimos sete anos, foram registrados pelo menos cinco casos de racismo no local. A Defensoria também criticou a ineficiência do curso de formação em direitos humanos oferecido aos funcionários, que não impediu novos episódios de discriminação.

Além do afastamento, a Defensoria pediu a realização de um evento público no shopping para discutir racismo e direitos de crianças e adolescentes, com a participação de movimentos sociais. O shopping tem 48 horas para responder sobre as medidas que serão adotadas.

Na manifestação realizada na tarde de quarta-feira, cerca de 500 pessoas se reuniram em protesto contra o racismo. Isabela da Cunha, tia de uma das vítimas, afirmou: "Não podemos ser julgados pela cor da nossa pele." O shopping lamentou o ocorrido e afirmou que o comportamento da segurança não reflete seus valores.

O episódio envolveu uma segurança que abordou uma jovem branca, perguntando se ela estava sendo incomodada por seus amigos negros. A situação gerou confusão e deixou os adolescentes visivelmente abalados. A administração do shopping declarou que o tema está sendo tratado com seriedade e que a formação dos funcionários será reforçada.

A Polícia Civil investiga o caso, e a família dos adolescentes registrou um boletim de ocorrência. O Colégio Equipe, próximo ao shopping, manifestou repúdio à abordagem e destacou a necessidade de mudanças para proteger os jovens de situações de racismo.