23 de mai 2025
Cade reabre investigação sobre Google por suposto abuso no uso de conteúdo jornalístico
Cade reabre inquérito contra Google por suposto abuso de posição dominante em busca de conteúdo jornalístico. Análise será na quarta feira.
A sede do Google em Mountain View, nos Estados Unidos. (Foto: David Paul Morris/Bloomberg) Campus do Google em Mountain View, na Califórnia. (Foto: NOAH BERGER / AFP/27/06/2022)
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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reabriu um inquérito que investiga o Google por suposto abuso de posição dominante no mercado de buscas e na utilização de conteúdo jornalístico. A análise do caso ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 28. O inquérito, que começou em 2018, foi arquivado em dezembro de 2024, mas a conselheira Camila Cabral Pires Alves recomendou sua reabertura, citando preocupações semelhantes em outros países.
Entidades jornalísticas argumentam que o Google realiza “scraping” de conteúdo, exibindo trechos de notícias sem a devida remuneração aos veículos. Essa prática pode desviar o tráfego que, originalmente, iria para os sites de notícias, resultando em menor receita publicitária para os produtores de conteúdo. Além disso, há receios de que o Google priorize seus próprios serviços nos resultados de busca, prejudicando a concorrência.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) destaca que a audiência dos sites de notícias caiu devido à exibição de trechos de matérias pelo Google. O presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, enfatiza a importância de o Cade aprofundar a análise, especialmente em um momento em que organismos antitruste globalmente avaliam as práticas das plataformas digitais.
Preocupações do Setor
A jornalista Bia Barbosa, da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), ressalta a necessidade de mais informações sobre os impactos das ferramentas de busca. Ela critica o argumento do Google de que não há conteúdo publicitário nas suas páginas, afirmando que a empresa exibe anúncios patrocinados que podem desviar investimentos publicitários dos sites de notícias.
Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), também aponta que o favorecimento dos serviços do Google compromete a livre concorrência e a pluralidade de vozes no ambiente digital. A expectativa é que o julgamento do Cade leve a um acordo de remuneração mais justo entre o Google e os veículos de imprensa.
A discussão sobre a atuação do Google não é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça (DOJ) sugeriu a venda de plataformas de publicidade da empresa, enquanto na África do Sul, a Comissão de Concorrência propôs que o Google pagasse aos veículos de notícias cerca de 27 milhões de dólares por ano.
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