09 de jun 2025

STF ouve réus por tentativa de golpe; Mauro Cid detalha bastidores e cita planos de prisão de Moraes
Delator afirma que Bolsonaro revisou minuta golpista e participou de reuniões com militares, políticos e hacker sobre contestação das eleições

Foto:Reprodução
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Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal começou a ouvir o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus no processo que apura tentativa de golpe de Estado. A sessão, transmitida pela TV Justiça, expõe tensões pós-eleições de 2022 e os ataques de 8 de janeiro de 2023.
O primeiro a depor foi Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro e delator no caso. Ele negou conhecer a minuta de golpe encontrada em seu celular, que segundo a PGR conteria um discurso para justificar um estado de emergência. Também disse que não recebeu ordens de Bolsonaro para repassar informações ao influenciador Paulo Figueiredo.
Cid afirmou que o então presidente recebeu a minuta golpista em formato físico e digital, e que ela foi revisada por Bolsonaro, pelo assessor Filipe G. Martins e por um jurista, com o objetivo de prever apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o delator, uma segunda reunião ocorreu na biblioteca do Palácio da Alvorada, com os três comandantes das Forças Armadas, onde o plano foi projetado em um telão.
Ele acrescentou que a minuta foi inicialmente apresentada a Bolsonaro por Filipe Martins e pelo jurista, contendo argumentos sobre supostas interferências do STF nas eleições e no governo. O texto previa estado de sítio, anulação do pleito e prisões de ministros do Supremo e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Por volta das 15h05, Cid relatou que soube, por meio do ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara, de uma reunião entre Bolsonaro, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Nessa ocasião, Do Val teria se oferecido para gravar ilegalmente Moraes a fim de descredibilizá-lo. Questionado se a ação envolveria a Abin, Cid afirmou não saber.
O delator confirmou também uma reunião entre Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto no Palácio da Alvorada, para discutir supostas falhas nas urnas eletrônicas. Segundo ele, a pedido do presidente, Delgatti se reuniu depois com um assessor do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio.
Cid confirmou ter ouvido conversas entre o ex-ministro Braga Netto e militares sobre ações para gerar "caos social", mas as classificou como bravatas. Disse ainda que Bolsonaro considerou "muito técnico" o relatório que descartava fraudes nas urnas e queria algo mais contundente.
Ao ser questionado sobre o plano de invalidar as eleições, Cid disse que várias estatísticas de votação foram analisadas, mas nenhum assessor, ministro ou militar conseguiu apresentar provas de fraudes ou brechas de segurança no sistema eleitoral.
Ele mencionou ainda um documento mal-escrito recebido por WhatsApp, sem saber o remetente, e revelou ter tido acesso ao plano “Copa 2022”, que incluía sequestros e assassinatos, embora tenha dito desconhecer os detalhes.
O procurador-geral Paulo Gonet buscou esclarecer contradições nas falas do delator, que já prestou doze depoimentos à Polícia Federal, tratando também de temas como as joias sauditas e o cartão de vacinação.
A presença de Bolsonaro na sessão ao lado de Cid evidenciou o vínculo entre ambos. A expectativa é que os depoimentos sigam ao longo do dia, com a defesa tentando enfraquecer a delação.
O julgamento pode ter efeitos duradouros sobre o cenário político e o enfrentamento de abusos de poder no Brasil.
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