14 de jun 2025

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Política

Atração e controle: a influência do panóptico na sociedade moderna

Roberto Carlos enfrenta piadas etaristas em meio ao debate sobre a nova "lei antipiada", que pode limitar a liberdade de expressão no humor.

O filósofo Isaiah Berlin: “pluralismo objetivo” (Foto: Sophie Bassouls/Sygma/Getty Images)

O filósofo Isaiah Berlin: “pluralismo objetivo” (Foto: Sophie Bassouls/Sygma/Getty Images)

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Roberto Carlos, aos 84 anos, tem sido alvo de piadas etaristas, especialmente após um recente show. As ofensas, embora consideradas de mau gosto, não resultaram em processos legais, refletindo uma cultura que ignora a dignidade dos mais velhos. O debate sobre a proteção de identidades e a liberdade de expressão está em alta, especialmente após a nova "lei antipiada" de 2023.

Essa legislação introduziu conceitos vagos sobre grupos minoritários e ofensas, gerando discussões sobre o papel do Estado na regulação do humor. A lei define como discriminatório qualquer tratamento que cause constrangimento ou vergonha a grupos minoritários, mas sua interpretação é complexa e suscita dúvidas. O que exatamente caracteriza um grupo minoritário? O que é uma "exposição indevida"?

O humorista Leo Lins, por exemplo, enfrentou reações negativas após fazer piadas sobre a comunidade alemã em Santa Catarina, resultando no cancelamento de seu show. A indignação pública não se traduziu em ações legais, evidenciando a fragilidade da dignidade de certos grupos no Brasil. A nova legislação, ao tentar proteger minorias, pode acabar por criar um "latifúndio interpretativo" que confunde e limita a liberdade de expressão.

O Papel do Estado

A questão central é se devemos permitir que o Estado defina o que é aceitável no humor. Para muitos, a liberdade de escolha deve prevalecer: se não gostam de uma piada, que não assistam. Outros, no entanto, defendem uma abordagem mais regulatória, acreditando que a proteção é necessária em uma sociedade vulnerável. Essa visão "panóptica" sugere que a censura prévia poderia evitar ofensas e danos.

A complexidade da situação é evidente. A criação de um sistema que defina quais grupos podem ser satirizados levanta questões éticas e práticas. A ideia de utilizar inteligência artificial para monitorar piadas em tempo real, embora inovadora, também é controversa. O debate sobre liberdade de expressão versus proteção de identidades continua a polarizar a sociedade.

A história mostra que a liberdade é um conceito complicado. A defesa do direito à palavra, mesmo para aqueles com opiniões abjetas, é fundamental para garantir que todos tenham seus direitos respeitados. A experiência do Brasil nos últimos anos serve como um alerta sobre os perigos de permitir que o Estado decida o que é aceitável dizer.

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