Brasil e Itália assinam acordo inédito para investigar máfias em conjunto

O procurador Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, Giovanni Melillo, anunciou um inédito acordo de cooperação entre a Procuradoria Geral da República do Brasil e a Procuradoria Nacional Antimáfia da Itália. O objetivo é investigar em conjunto a atuação de máfias e organizações criminosas nos dois países. A formalização do acordo deve ocorrer em breve, conforme Melillo, que participa do seminário ‘Crime Organizado e mercados ilícitos no Brasil e na América Latina’ na Universidade de São Paulo.

A colaboração entre as autoridades italianas e brasileiras não é nova, tendo ocorrido em operações anteriores, como a Operação Samba, que envolveu uma força-tarefa entre a Direção Distrital Antimáfia de Turim e a Polícia Federal do Brasil. No entanto, este novo acordo representa a primeira formalização desse tipo entre as procuradorias federais dos dois países.

As conversas para a criação do acordo começaram no ano passado, quando procuradores italianos convidaram seus colegas brasileiros a participar de investigações sobre o tráfico internacional de drogas, especialmente envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC). A relação entre o PCC e a máfia calabresa ‘Ndrangheta foi evidenciada por meio de depoimentos de traficantes, como Vincenzo Pasquino, que está preso na Itália e fez um acordo de delação.

Cooperação Técnica

Além do acordo federal, a Procuradoria Nacional Antimáfia formalizou um acordo de cooperação técnica com o Ministério Público de São Paulo. O objetivo é promover o compartilhamento de dados e capacitação de membros, visando a prevenção e repressão a organizações criminosas. Melillo enfatizou a importância de utilizar todos os instrumentos do Direito internacional para enfrentar os desafios do crime organizado.

Esse novo acordo surge no contexto da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, que incentiva a cooperação entre autoridades competentes. Melillo e outros procuradores ressaltaram que, em um mundo cada vez mais interconectado, a colaboração internacional é essencial para combater fenômenos criminais de grande gravidade.