Golpistas no Reino Unido forjam testamentos e roubam heranças de R$ 7 milhões

Um escândalo de fraudes em testamentos está em evidência no sul da Inglaterra, onde criminosos têm desviado patrimônios de falecidos sem testamento. Recentemente, irmãs descobriram que foram despojadas da herança da tia por um testamento forjado, revelando uma rede criminosa.

O caso das irmãs Lisa e Nicole destaca a gravidade da situação. Em 2023, elas foram informadas pela Anglia Research Services que herdaram a fortuna da tia Christine Harverson, incluindo uma casa avaliada em quase £1 milhão. Christine, viúva e sem filhos, não deixou testamento, o que tornava as sobrinhas herdeiras legítimas. Contudo, um homem chamado Tamas Szvercsok apresentou um testamento de 2016, que o nomeava como único herdeiro. O documento levantou suspeitas, pois a casa mencionada não existia na época e excluía até o marido de Christine, que ainda estava vivo.

A polícia não investigou o caso, orientando as irmãs a entrarem com uma ação judicial, o que poderia custar milhares de libras. “Tudo o que isso trouxe foi miséria. É um pesadelo”, desabafou Lisa. Outros casos semelhantes sugerem uma rede criminosa especializada. Após a morte de Charles Haxton, um novo testamento apareceu, nomeando Roland Silye como herdeiro, com características suspeitas.

Rede Criminosa

As conexões entre os envolvidos chamaram a atenção de especialistas. Graham Barrow identificou ligações entre Szvercsok e Silye, ambos diretores de empresas fantasmas. Bela Kovacs, suposto herdeiro de Michael Judd, também está envolvido. Vizinhos afirmaram que Judd não recebia visitas e havia perdido seu antigo testamento. Análises de caligrafia forense indicaram que vários testamentos podem ter sido escritos pela mesma pessoa.

O sistema britânico de inventário, que permite pedidos online, tem sido explorado por golpistas. Desde 2017, não há verificação automática de valores, o que facilita fraudes. O Bona Vacantia, que lista falecidos sem herdeiros conhecidos, é um alvo fácil para criminosos que produzem testamentos falsos. Especialistas alertam que o sistema é vulnerável, baseado na confiança.

O caso ainda não teve desfecho judicial. Enquanto isso, os suspeitos permanecem livres, e o Reino Unido enfrenta um desafio crescente com redes internacionais que lucram com a morte alheia.