Evidências apontam que a infância influencia o desenvolvimento do narcisismo

O narcisismo, tema em alta nas redes sociais, ganhou nova luz com uma meta-análise que relaciona o narcisismo vulnerável a estilos de apego inseguros. O estudo, que abrangeu mais de 10 mil participantes, sugere que experiências na infância podem moldar esse traço de personalidade.

Existem dois tipos principais de narcisismo: o grandioso, que se manifesta de forma agressiva e dominante, e o vulnerável, caracterizado por hipersensibilidade e autoestima frágil. Este último está associado a comportamentos prejudiciais em relacionamentos, como love bombing, ghosting e breadcrumbing. Indivíduos com narcisismo vulnerável tendem a relatar menor satisfação em relacionamentos e a ter atitudes permissivas em relação à infidelidade.

Estilos de Apego e Narcisismo

A teoria do apego sugere que as experiências com cuidadores na infância influenciam a forma como nos relacionamos na vida adulta. O apego seguro, resultante de um ambiente amoroso, promove uma visão positiva de si e dos outros. Em contrapartida, experiências de negligência ou abuso podem levar a estilos de apego inseguros, como o preocupado e o medroso.

Na análise, o narcisismo vulnerável foi consistentemente ligado a esses estilos inseguros. Embora não se possa afirmar que o apego inseguro causa o narcisismo vulnerável, os dados indicam que ele pode ser um fator de risco significativo. Para alguns, esse narcisismo pode surgir como uma estratégia defensiva em resposta a experiências adversas na infância.

Intervenções e Prevenção

Mudanças nos estilos de apego são possíveis, e terapias focadas no apego podem ajudar indivíduos com narcisismo vulnerável a desenvolver relacionamentos mais saudáveis. Além disso, é crucial que as famílias tenham acesso a cuidados de saúde mental, permitindo que crianças processem traumas antes que estes impactem suas vidas adultas.

A prevenção é fundamental. Apoiar pais e cuidadores na construção de vínculos seguros é essencial, especialmente diante das altas taxas de maus-tratos infantis. O estudo destaca a importância de abordar essas questões para evitar que o ciclo de narcisismo vulnerável se perpetue nas próximas gerações.