Saúde

O que é a fadiga de decisão e como ela afeta sua produtividade

Partindo de coisas triviais até decisões importantes, essas pequenas escolhas cansam nossa mente, mas podem ter seu impacto reduzido

Por dia, a média de decisões que tomamos ultrapassa de 30 mil - Foto: Reprodução/Freepik

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Uma rotina comum começa assim que acordamos, e logo surge a primeira escolha: o que comer no café da manhã? Após isso, o banho, e depois, mais uma decisão — qual roupa usar? Quando percebe, já se perdeu tempo e está atrasado. Precisa então decidir rapidamente qual aplicativo de transporte utilizar para chegar ao trabalho.

Percebe que, em um dia comum, somos levados a tomar várias decisões antes mesmo de sair de casa. E, conforme as horas passam, esse número só cresce, principalmente em ambientes que exigem atenção e desempenho constante. O resultado costuma ser um cansaço mental, muitas vezes confundido com preguiça, mas que tem nome: fadiga de decisão.

O que é?

A fadiga de decisão é mais comum do que parece, e muitas vezes passa despercebida. À medida que o dia avança, o acúmulo de escolhas vai desgastando o cérebro, o que torna as decisões cada vez mais impulsivas e menos racionais. Em alguns casos, evitamos decidir para poder poupar nossa energia mental. Um exemplo claro é quando alguém, ao chegar em casa cansado do trabalho, opta por um salgadinho ao invés de escolher o que preparar para o jantar, adiando a decisão por uma refeição adequada.

Uma pesquisa divulgada pelo jornal norte-americano Wall Street Journal apontou que um adulto comum toma cerca de 35 mil decisões por dia — desde escolhas simples, como o que comer no almoço, até decisões relacionadas ao trabalho. Mesmo as mais triviais têm impacto no nosso estado mental e contribuem para o esgotamento ao longo do dia. Esse efeito se torna ainda mais evidente entre pessoas em cargos de liderança, onde a rotina costuma envolver reuniões frequentes e decisões estratégicas, por isso, cada escolha tende a exigir mais atenção e responsabilidade, o que torna o processo ainda mais desgastante.

Suas consequências

Uma das principais consequências da fadiga de decisão é o impacto nas escolhas seguintes, que tendem a ser menos racionais à medida que o esgotamento mental se intensifica. Trata-se de uma forma de autopreservação do cérebro, que busca economizar esforço quando já está sobrecarregado.

Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences analisou mais de mil decisões de liberdade condicional tomadas por oito juízes em Israel, ao longo de 50 dias. Os dados revelaram que as chances de concessão chegavam a 65% no início de cada sessão ou logo após uma pausa. No entanto, à medida que o tempo passava, essa taxa caía gradualmente, chegando a quase 0%, o que mostra a fadiga de decisão tomando conta dos juízes.

Outro efeito comum é o estresse, causado tanto pela pressão de precisar escolher quanto pelas consequências de adiar uma decisão. Em casos mais intensos, isso pode levar à ansiedade crônica, sensação de incapacidade e, quando prolongado, até à síndrome de burnout.

A produtividade também sofre. Com a mente sobrecarregada, o cérebro tende a priorizar tarefas simples e automáticas, o que dificulta a geração de ideias, a resolução de problemas complexos e o pensamento estratégico.

Como evitar?

Evitar a fadiga de decisão por completo é tão impossível quanto impedir o cansaço do corpo. Mas ainda assim, é possível reduzir seus efeitos com algumas estratégias. Uma delas é organizar a rotina de forma antecipada, para diminuir o número de escolhas triviais, como o que vestir ou o que comer.

Steve Jobs e Barack Obama, por exemplo, optam por usar sempre a mesma roupa em eventos importantes. Isso elimina uma decisão pequena, mas que poderia consumir energia mental necessária para escolhas mais relevantes. Embora usar a mesma roupa possa parecer extremo, criar um guarda-roupa padronizado para ocasiões específicas pode ajudar a simplificar essas decisões.

Outra técnica eficaz é delegar decisões importantes para os momentos em que a mente está mais descansada, como no início do expediente ou logo após o almoço. Nesses períodos, a chance de tomar decisões melhores aumenta. Fazer pausas regulares também é fundamental, pois o descanso ajuda o cérebro a funcionar melhor e alivia o peso das escolhas anteriores.

Usar ferramentas para facilitar o dia a dia é essencial. Ao se organizar com aplicativos e softwares, você reduz a carga mental que pesa sobre o cérebro, pois distribui as tarefas para essas ferramentas. Por fim, o autocuidado é essencial: manter uma rotina de sono regular e uma alimentação equilibrada ajuda a manter a saúde mental, o que permite suportar mais decisões antes de se sentir fadigado.

Fazer escolhas é uma parte da nossa rotina, mas saber administrá-las é fundamental para evitar o desgaste mental e manter a produtividade, pois o cansaço pode afetar a qualidade de futuras decisões. Por isso, em vez de se desgastar decidindo qual roupa usar para o trabalho, aposte no básico de vez em quando. Mesmo que pequenas, essas escolhas fazem diferença ao longo do dia.

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