Universidades com maior taxa de retratação de artigos científicos são reveladas

Administradores do Jining First People’s Hospital, na China, anunciaram a disciplina de 35 pesquisadores por fraudes em publicações, como a fabricação de dados. Essa ação faz parte de uma operação nacional contra a proliferação de artigos médicos fraudulentos, que surgiram em meio à pressão sobre médicos jovens para publicarem trabalhos para garantir empregos e promoções. A análise de taxas de retratação de instituições, realizada pela equipe de notícias da Nature, revelou que o hospital lidera o ranking, com mais de 5% de suas publicações entre 2014 e 2024 retratadas, um número 50 vezes superior à média global.

Além do Jining, outros hospitais chineses também se destacam como pontos críticos de retratação, assim como instituições na Arábia Saudita, Índia, Paquistão e Etiópia. Embora as retratações possam ocorrer por erros honestos, a maioria está ligada a má conduta. A análise, que é inédita, enfrenta desafios devido à complexidade dos dados de retratação e à variação nas definições de contagem entre diferentes bases de dados. No entanto, tendências comuns emergem, indicando que algumas instituições enfrentam problemas mais graves de integridade na pesquisa.

Os dados utilizados na análise foram fornecidos por empresas de integridade de pesquisa que desenvolveram ferramentas para ajudar editores a combater fraudes. Essas ferramentas, como Argos e Signals, visam identificar sinais de alerta em artigos, como autores com altas taxas de retratação. Apesar de algumas discrepâncias nos dados, a análise sugere que a cultura de integridade na pesquisa é um problema disseminado entre várias instituições, e não apenas entre alguns pesquisadores isolados.

Nos últimos anos, as taxas de retratação aumentaram, com mais de 10.000 notificações de retratação emitidas em 2023. A maioria dessas retratações ocorreu em publicações da Hindawi, que enfrentou um escândalo de fraudes em revisão por pares. A análise também revelou que, de 2014 a 2024, cerca de 60% das retratações foram de artigos com autores afiliados à China, que apresenta uma taxa de retratação três vezes superior à média global. A pressão para publicar em instituições privadas na Índia, especialmente em Tamil Nadu, também contribui para taxas elevadas de retratação, refletindo um padrão de incentivos que pode levar a práticas questionáveis na pesquisa.