Problemas de visão afetam 19% das crianças brasileiras em idade escolar

Muitos pais não percebem que as dificuldades escolares de seus filhos podem estar relacionadas a problemas de visão. Um levantamento do projeto social Em Um Piscar de Olhos, divulgado no final de 2024, analisou 110.700 crianças e adolescentes de 6 meses a 15 anos em nove estados brasileiros e constatou que 19% apresentavam algum problema oftalmológico. A falta de correção adequada pode levar a dificuldades de aprendizado e até evasão escolar, conforme alerta o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

O CBO destaca um aumento na prevalência de erros refrativos, que ocorrem quando a luz que entra no olho não se foca corretamente na retina, resultando em condições como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Estima-se que 23 milhões de brasileiros em idade escolar tenham algum desses problemas. O oftalmologista pediátrico Mauro Plut ressalta que muitas vezes as crianças não percebem que têm dificuldades visuais, especialmente se nunca enxergaram bem.

Os sinais que podem indicar problemas de visão incluem fechar um dos olhos para enxergar, posicionar objetos muito perto do rosto, dificuldade para copiar lições e dores de cabeça frequentes. A presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, Júlia Rossetto, também menciona comportamentos como esbarrar em objetos e dificuldade para reconhecer pessoas à distância como alertas importantes. Além disso, o desinteresse nas aulas e a dificuldade de interação social podem ser indícios de problemas visuais.

É fundamental que as crianças sejam avaliadas por um oftalmologista desde cedo, especialmente se houver histórico familiar de problemas oculares. A primeira consulta deve ocorrer entre 6 e 12 meses de idade, com exames mais completos entre 3 e 5 anos. Rossetto recomenda que, se tudo estiver normal, as consultas podem ser anuais ou bienais, mas um acompanhamento mais rigoroso pode ser necessário em casos de problemas detectados.