10 de mar 2025
Medicamentos inspirados no monstro-de-gila revolucionam tratamento da obesidade e diabetes
Os inibidores de GLP 1, como o Ozempic, derivam de peptídeos do monstro de gila. A semaglutida, molécula chave, melhora a insulina e reduz o apetite. A extinção de espécies ameaça a descoberta de novos fármacos valiosos. O veneno da jararaca gerou o Captopril, um remédio para pressão alta. Preservar a biodiversidade é crucial para a medicina e saúde pública global.
Monstro-de-gila (Foto: Reprodução US National Park Service)
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Os medicamentos para obesidade e diabetes, como o Ozempic, são baseados na molécula semaglutida, inspirada em uma proteína da saliva do monstro-de-gila, um lagarto peçonhento da América do Norte. Esses animais produzem secreções que podem imobilizar ou matar presas, e peptídeos isolados dessas secreções têm potencial farmacêutico. A diferença entre veneno e remédio muitas vezes reside na dose ou na estrutura molecular, que pode ser ajustada quimicamente.
O GLP-1, um hormônio intestinal, é crucial para a liberação de insulina pelo pâncreas em resposta ao aumento do açúcar no sangue. Descoberto em 1984 pelo cientista canadense Daniel Drucker, o GLP-1 promove saciedade e reduz o apetite, mas sua ação é breve. Na mesma época, o endocrinologista John Eng isolou uma molécula da saliva do monstro-de-gila, chamada exendina, que prolongava a digestão e tinha efeitos semelhantes ao GLP-1, mas com maior duração.
A exendina foi patenteada e resultou no medicamento Byetta, aprovado pela FDA em 2005 para diabetes tipo 2, que também induzia perda de peso. A empresa dinamarquesa Novo Nordisk desenvolveu a semaglutida, um peptídeo sintético análogo ao GLP-1, com duração ainda maior, permitindo injeções semanais. Essa inovação foi inspirada pela existência natural de análogos de GLP-1.
Além disso, o veneno da jararaca, uma cobra brasileira, originou o medicamento Captopril, aprovado em 1981, que trata pressão alta ao bloquear a enzima ECA. A preservação da biodiversidade é vital não apenas para o equilíbrio ecológico, mas também para a descoberta de moléculas que podem levar ao desenvolvimento de novos fármacos, como a semaglutida, que pode ajudar a resolver problemas de saúde pública.
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