06 de mar 2025
Monstro-de-gila inspira revolução farmacológica com desenvolvimento do Ozempic
O monstro de gila é um lagarto venenoso que inspirou medicamentos inovadores. A exendina 4, do veneno do lagarto, é crucial no tratamento do diabetes tipo 2. Pesquisadores destacam o potencial de outras toxinas para novas terapias médicas. A semaglutida, derivada da exendina 4, é um avanço no controle da glicose. Desafios de financiamento dificultam a transformação de descobertas em medicamentos.
princípio ativo do Ozempic (Foto: Getty Images)
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O monstro-de-gila, conhecido cientificamente como Heloderma suspectum, é um réptil nativo dos desertos da América do Norte. Apesar de sua mordida venenosa, que pode ser fatal, como demonstrado pela morte de um homem no Colorado em novembro de 2024, o veneno deste lagarto tem sido fundamental para avanços médicos. Pesquisadores descobriram que uma enzima presente em seu veneno inspirou o desenvolvimento de medicamentos que aumentam a atividade do receptor GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, que prometem revolucionar o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade.
O veneno do monstro-de-gila evoluiu para imobilizar suas presas, mas também contém um hormônio chamado exendina-4, que se assemelha ao GLP-1 humano. A diferença crucial é que a exendina-4 permanece no organismo por mais tempo, proporcionando um efeito duradouro na regulação da glicose. Essa descoberta levou ao desenvolvimento do medicamento Byetta (exenatida) e, posteriormente, à semaglutida, que é o princípio ativo de outros medicamentos populares.
Pesquisadores têm explorado venenos de diversas espécies ao longo das décadas, resultando em medicamentos essenciais, como os inibidores da ECA, derivados do veneno da cobra Bothrops jararaca, usados no controle da pressão arterial. A transformação de toxinas em tratamentos eficazes é um campo promissor, com exemplos que vão desde caracóis marinhos até sanguessugas, cujas propriedades medicinais têm sido aproveitadas para criar novos medicamentos.
O professor Kini, que estuda venenos, destaca que a combinação de biologia molecular e farmacologia pode levar a novas descobertas terapêuticas. Embora o financiamento e o tempo necessários para transformar descobertas em medicamentos sejam desafiadores, Kini acredita que o potencial é imenso. Ele sugere que as próximas décadas podem revelar compostos ainda mais eficazes, ampliando as possibilidades de tratamento para doenças como diabetes e hipertensão.
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