NIH enfrenta cortes severos e ameaça a liderança global em pesquisa biomédica

Cortes significativos no financiamento do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), realizados durante a administração do ex-presidente Donald Trump, geraram preocupações sobre o futuro da agência, que é a maior financiadora de pesquisa biomédica do mundo. A decisão de encerrar centenas de bolsas de pesquisa ativas e a interrupção de operações diárias, como a avaliação de propostas de financiamento, levantaram alarmes entre cientistas e especialistas. Siyuan Wang, geneticista da Yale School of Medicine, afirmou que essas ações representam um "severo golpe à ciência e à formação da próxima geração de cientistas".

Com um orçamento anual de aproximadamente US$ 47 bilhões, o NIH supera em muito outros financiadores globais, como a Wellcome, que gastou 25 vezes menos em 2022. A pesquisa financiada pelo NIH é crucial, contribuindo para a aprovação de 354 dos 356 medicamentos pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) entre 2010 e 2019. Miriam Merad, imunologista do câncer, destacou que a ausência do NIH significaria a falta de inovações essenciais, como terapias contra o câncer e medicamentos para overdose.

Os cortes no financiamento estão previstos para desacelerar a descoberta de novos medicamentos, conforme alertou Merad, que já enfrenta incertezas em seus projetos de pesquisa. O modelo de financiamento do NIH, que permite aos pesquisadores focar em problemas científicos por períodos de quatro a cinco anos sem a necessidade de buscar novos recursos, é considerado único e vital para a estabilidade da pesquisa. Wang enfatizou que o apoio do NIH a pesquisas biomédicas básicas possibilita avanços fundamentais que seriam considerados arriscados por investidores privados.