14 de abr 2025
Câncer avança e sequestra motivação; pesquisa revela circuito cerebral afetado
Pesquisas revelam que o câncer sequestra circuitos cerebrais da motivação, oferecendo novas esperanças para tratar a apatia em pacientes.
Muitos pacientes com câncer em estágio avançado caem em uma apatia profunda enquanto a doença devasta corpo e cérebro. (Foto: Getty Images via BBC)
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Pacientes com câncer em estágio avançado frequentemente enfrentam apatia profunda, uma condição que faz parte da caquexia, afetando cerca de oitenta por cento dos indivíduos nessa fase. Essa síndrome resulta em perda severa de massa muscular e peso, levando ao isolamento social e complicando o tratamento. Pesquisadores descobriram que o câncer sequestra circuitos cerebrais que controlam a motivação, o que pode ser um fator crucial para entender essa apatia.
A pesquisa, publicada na revista Science, revela que a apatia pode não ser apenas uma resposta psicológica ao declínio físico, mas sim uma parte intrínseca da doença. Os cientistas identificaram a área postrema do cérebro como um detector de inflamação, que, ao perceber citocinas liberadas por tumores, ativa uma cascata neural que reduz a liberação de dopamina no núcleo accumbens, área responsável pela motivação. Essa queda nos níveis de dopamina está diretamente relacionada à dificuldade dos pacientes em se engajar em atividades.
Experimentos com camundongos mostraram que, à medida que a caquexia avançava, os animais abandonavam tarefas que exigiam esforço, refletindo a experiência de muitos pacientes. Os pesquisadores conseguiram restaurar a motivação nos camundongos ao desligar neurônios sensíveis à inflamação ou ao administrar medicamentos que bloqueiam citocinas específicas. Embora os resultados sejam preliminares, eles abrem novas possibilidades de tratamento para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Essas descobertas têm implicações que vão além do câncer, pois a mesma molécula inflamatória está envolvida em diversas condições, como doenças autoimunes e depressão. A apatia induzida pela inflamação pode ser um mecanismo de proteção, mas se torna prejudicial em casos de inflamação crônica. A pesquisa sugere que, ao modular circuitos cerebrais ou interceptar sinais inflamatórios, é possível restaurar a motivação e a qualidade de vida dos pacientes, oferecendo esperança em meio ao avanço da doença.
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